Será crível que,
somente por admitir o poder do pensamento, ficasse o homem liberto de toda a
condição inferior? Impossível!
Uma existência
secular, na carne terrestre, representa período demasiadamente curto para
aspirarmos à posição de cooperadores essencialmente divinos. Informamo-nos a
respeito da força mental no aprendizado mundano, mas esquecemos que toda a
nossa energia, nesse particular, tem sido empregada por nós, em milênios
sucessivos, nas criações mentais destrutivas ou prejudiciais a nós mesmos.
Somos admitidos
aos cursos de espiritualização nas diversas escolas religiosas do mundo, mas
com freqüência agimos exclusivamente no terreno das afirmativas verbais.
Ninguém, todavia, atenderá ao dever apenas com palavras. Ensina a Bíblia que o
próprio Senhor da Vida não estacionou no Verbo e continuou o trabalho criativo
na Ação.
Todos sabemos
que o pensamento é força essencial, mas não admitimos nossa milenária viciação
no desvio dessa força.
Ora, é coisa
sabida que um homem é obrigado a alimentar os próprios filhos; nas mesmas
condições, cada espírito é compelido a manter e nutrir as criações que lhe são
peculiares. Uma idéia criminosa produzirá gerações mentais da mesma natureza;
um princípio elevado obedecerá à mesma lei. Recorramos a símbolo mais simples.
Após elevar-se às alturas, a água volta purificada, veiculando vigorosos
fluidos vitais, no orvalho protetor ou na chuva benéfica; conservemo-la com os
detritos da terra e fá-la-emos habitação de micróbios destruidores.
O pensamento é
força viva, em toda parte; é atmosfera criadora que envolve o Pai e os filhos,
a Causa e os Efeitos, no Lar Universal. Nele, transformam-se homens em anjos, a
caminho do céu ou se fazem gênios diabólicos, a caminho do inferno.
Apreendem vocês
a importância disso? Certo, nas mentes evolvidas, entre os desencarnados e
encarnados, basta o intercâmbio mental sem necessidade das formas, e é justo
destacar que o pensamento em si é a base de todas as mensagens silenciosas da
idéia, nos maravilhosos planos da intuição, entre os seres de toda espécie.
Dentro desse princípio, o espírito que haja vivido exclusivamente em França
poderá comunicar-se no Brasil, pensamento a pensamento, prescindindo de forma
verbalista especial, que, nesse caso, será sempre a do receptor; mas isso
também exige a afinidade pura. Não estamos, porém, nas esferas de absoluta
pureza mental, onde todas as criaturas têm afinidades entre si. Afinamo-nos uns
com os outros, em núcleos insulados, e somos compelidos a prosseguir nas
construções transitórias da Terra, a fim de regressar aos círculos planetários
com maior bagagem evolutiva.
“Nosso Lar”,
portanto, como cidade espiritual de transição, é uma bênção a nós concedida por
“acréscimo de misericórdia”, para que alguns poucos se preparem à ascensão, e
para que a maioria volte à Terra em serviços redentores. Compreendamos a
grandiosidade das leis do pensamento e submetamo-nos a elas, desde hoje.
Depois de longa
pausa, a Ministra sorriu para o auditório e perguntou:
- Quem deseja
aproveitar?
Logo após, suave
música encheu o recinto de cariciosas melodias.
Veneranda
conversou ainda por muito tempo, revelando amor e compreensão, delicadeza e
sabedoria.
Sem qualquer
solenidade nos gestos para evidenciar o término da conversação, findou a
palestra com uma pergunta graciosa.
Quando vi os companheiros
levantarem-se para as despedidas, ao som da música habitual, indaguei de
Narcisa, surpreendido:
- Que é isso?
Acabou a reunião?
A enfermeira
bondosa esclareceu, sorridente:
- A Ministra
Veneranda é sempre assim. Finaliza a conversação em meio do nosso maior
interesse. Ela costuma afirmar que as preleções evangélicas começaram com
Jesus, mas ninguém pode saber quando e como terminarão.”
(Livro: Nosso Lar, pelo Espírito André Luiz,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, editora FEB)
Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo
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