Saturday, July 26, 2014

Errei?

Errei como errei,
Ansiando o meu vero mundo;
A minha própria essência,
Cheguei bem lá no fundo.

Errei quando sofri,
Sofri quando errei;
Partilhei, enlouqueci,
E assim eu desbravei.

Errei por querer mudar,
Ou não mudar também;
Tentei tudo avistar,
Tocar de perto o mágico além.

Errei mas não desisti,
E continuo a procurar;
Me fortaleço em tudo que passa,
E cá estou a tanto errar.

Na verdade muito erro,
Quando digo que errei;
Pois, jubiloso, ao coração me dizes,
Que errando acertei.

Assim sendo eu prossigo,
Errando, corrigindo e ascendendo;
Para um dia não mais renascer,
Mas amparar quem está sofrendo.

E, errando, deste modo eu caminho,
A plenitude é o que vou buscando;
Errando... sim,
Porém sempre acertando.

Fraternalmente,

Gabriela Junqueira Balassiano

Refletindo o Espiritismo

 

 

Saturday, July 5, 2014

No Tribunal

 

Foi então que despertei,
Do grande véu que nos ampara;
Num tribunal reencontrei,
Quem culpada me declara.

Acuada e indefesa,
Assim me deparei;
Porém com íntima certeza,
De que o mal eu pratiquei.

Perdão, perdão! eu o pedia,
Até o instante em que voltei;
Me explicava e implorava,
Dizendo-o que me transformei.

Aquele encontro ainda é vivo,
Na memória de ré confessa;
Mas continuo a caminhada,
Da evolução que se professa.

Indulto irmão! eu lhe imploro,
Por toda lágrima que lhe imputei;
Doente estava o meu Ser,
Causando dor em quem sempre amei.

Fraternalmente,

Gabriela Junqueira Balassiano

Refletindo o Espiritismo
 
 
 


Thursday, July 3, 2014

Magos, feiticeiros e reuniões mediúnicas

“Os trabalhadores da desobsessão não devem ignorar a realidade da magia negra, a fim de não serem tomados de surpresa nas suas tarefas redentoras. Com freqüência, terão oportunidade de observar tentativas de envolvimento do grupo e de seus componentes, ou de pessoas que dele se socorrem, promovidas por antigos magos e feiticeiros que, no mundo espiritual, persistem nas suas práticas e rituais.” (1)

Com o advento do Espiritismo na Terra, esses velhos conhecidos da história humana, os magos e os feiticeiros, encarnados e desencarnados, perderam o seu caráter sobrenatural e atemorizante, sem, todavia, deixarem de ser um tema importante, que requer estudo atento e criterioso.

Magias e feitiçarias nada mais são do que manipulações magnéticas mediúnicas, sobre os pensamentos de encarnados ou de desencarnados conectados com as mesmas vibrações de quem as operam. O famoso “trabalho feito”, sob a forma de encantamento e bruxaria, como a maioria das pessoas conhece, não existe e só “pega” quando permitimos.

Vibremos o bem, pensemos o bem, ajamos no bem, promovamos o bem, e não seremos alvo desses trabalhos obsessivos!

O que nos ensinam os Espíritos de escol? (2)

Apesar das poucas obras doutrinárias que tratam do assunto, temos em “O Livro dos Espíritos”, no ítem “Poder oculto. Talismãs. Feiticeiros”, as seguintes questões esclarecedoras:

551. Pode um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?
“Não; Deus não o permitiria.”

552. Que se deve pensar da crença no poder, que certas pessoas teriam, de enfeitiçar?
“Algumas pessoas dispõem de grande força magnética, de que podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem secundados por outros Espíritos maus. Não creias, porém, num pretenso poder mágico, que só existe na imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que citam, como prova da existência desse poder, são fatos naturais, mal observados e sobretudo mal compreendidos.”

553. Que efeito podem produzir as fórmulas e práticas mediante as quais pessoas há que pretendem dispor do concurso dos Espíritos?
“O efeito de torná-las ridículas, se procedem de boa-fé. No caso contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são mera charlatanaria. Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.”

a) — Mas, não é exato que alguns Espíritos têm ditado, eles próprios, fórmulas cabalísticas?
“Efetivamente, Espíritos há que indicam sinais, palavras estranhas, ou prescrevem a prática de atos, por meio dos quais se fazem os chamados conjuros. Mas, ficai certos de que são Espíritos que de vós outros escarnecem e zombam da vossa credulidade.”

554. Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração?
É verdade; mas, da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos depende a natureza do Espírito que é atraído. Ora, muito raramente aquele que seja bastante simplório para acreditar na virtude de um talismã deixará de colimar um fim mais material do que moral. Qualquer, porém, que seja o caso, essa crença denuncia uma inferioridade e uma fraqueza de idéias que favorecem a ação dos Espíritos imperfeitos e escarninhos.”

555. Que sentido se deve dar ao qualificativo de feiticeiro?
“Aqueles a quem chamais feiticeiros são pessoas que, quando de boa-fé, gozam de certas faculdades, como sejam a força magnética ou a dupla vista. Então, como fazem coisas geralmente incompreensíveis, são tidas por dotadas de um poder sobrenatural. Os vossos sábios não têm passado muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes?”
O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de ridícula crendice.

556. Têm algumas pessoas, verdadeiramente, o poder de curar pelo simples contacto?
“A força magnética pode chegar até aí, quando secundada pela pureza dos sentimentos e por um ardente desejo de fazer o bem, porque então os bons Espíritos lhe vêm em auxílio. Cumpre, porém, desconfiar da maneira pela qual contam as coisas pessoas muito crédulas e muito entusiastas, sempre dispostas a considerar maravilhoso o que há de mais simples e mais natural. Importa desconfiar também das narrativas interesseiras, que costumam fazer os que exploram, em seu proveito, a credulidade alheia.”

557. Podem a bênção e a maldição atrair o bem e o mal para aquele sobre quem são lançadas?
“Deus não escuta a maldição injusta e culpado perante ele se torna o que a profere. Como temos os dois gênios opostos, o bem e o mal, pode a maldição exercer momentaneamente influência, mesmo sobre a matéria. Tal influência, porém, só se verifica por vontade de Deus como aumento de prova para aquele que é dela objeto. Demais, o que é comum é serem amaldiçoados os maus e abençoados os bons. Jamais a bênção e a maldição podem desviar da senda da justiça a Providência, que nunca fere o maldito, senão quando mau, e cuja proteção não acoberta senão aquele que a merece.”

A roda das reencarnações

Segundo o Espiritismo, nós reencarnamos sucessivamente, por escolha própria, com os mesmos vícios e crenças; assim sendo, aquele que praticava as técnicas da magia e da feitiçaria em uma encarnação, continua no plano espiritual e, consequentemente, numa próxima vinda à Terra.

Esses grupos de Espíritos têm suas reencarnações organizadas entre eles, para que haja um ciclo disciplinado e sistemático de colaboração entre os dois planos. E o mesmo vale entre outros grupos de irmãos que ainda se comprazem em diferentes práticas obsessivas.

Moisés, Mamon e Deus

À beira do Monte Sinai, Moisés, em contato, segundo ele, com Deus, recebe as Tábuas da Lei; porém, quando volta para anunciar o Decálogo, presencia somente descrença e misticismo, de um povo cultuando um bezerro coberto de ouro.

“...Não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon” (S. Lucas, cap. XVI, v. 13.), nos afirmou o Mestre. Atribuir poderes às coisas materiais é descrer do poder absoluto de Deus sobre toda a sua criação. O valor dado ao material, códigos secretos, palavras mágicas, etc., tira, ainda, o valor da moral Cristã. E o antecessor de Jesus já sabia disso.

Moisés tinha noção de sua mediunidade e de que tudo o que fazia não era magia ou feitiçaria; ele acreditava no poder absoluto de um Deus único, e de que deveria usar esta capacidade/sentido para o bem. Entretanto, o povo que lhe seguia, ainda sem a superioridade moral e intelectual necessárias, não partilhava da mesma crença e usava da mistificação e do sobrenatural, para satisfazer suas necessidades inerentes de se acreditar em algo poderoso. Foi então que o profeta, em um ato de ira, quebrou as Tábuas, repreendeu a todos e voltou ao Monte Sinai, para reescrever as leis, junto a Deus.

A crença em magias, feitiçarias, imagens e talismãs, vem desde tempos remotos da história da humanidade, em eras primitivas. “..iniciou-se o correio entre o plano físico e o plano extrafísico, mas, porque a ignorância embotasse ainda a mente humana, os médiuns primitivos nada mais puderam realizar que a fascinação recíproca, ou magia elementar, em que os desencarnados, igualmente inferiores, eram aproveitados, por via hipnótica, na execução de atividades materialonas, sem qualquer alicerce na sublimação pessoal...
... Desde essas eras recuadas, empenham-se o bem e o mal em tremendo conflito que ainda está muito longe de terminar, com base na mediunidade consciente ou inconsciente, técnica ou empírica.” (3)

Esta fascinação recíproca sempre funcionou devido aos diferentes níveis de inteligência e moral entre os homens, compostos pelos que “sabem” e os que “temem os que sabem”.

Benzedeiras

E o que pensar sobre as tradicionais benzedeiras?

Estas nada mais são do que pessoas portadoras de energia curativa. O movimento do copo com água, ou da folha de arruda ou outros talismãs preferidos, por cima da cabeça e em volta do corpo, nada mais são do que um passe. O mais importante não são os instrumentos usados, mas sim a onda mental.

Associação Espiritismo e magia

Ainda hoje, muitas pessoas associam a Doutrina Espírita ao uso da magia e da feitiçaria. E, lamentavelmente, este mito, muitas vezes, é incentivado em alguns grupos religiosos, com o objetivo de controlar através do medo.

Paciência, tolerância, fé, amor e compaixão, devem ser sempre as virtudes praticadas pelos que acreditam e vivem o Espiritismo, pois o que gritam os adversários é, justamente, o que nos apoiará no caminho de clarificar as mentes. Allan Kardec sabiamente nos diz: “Quando uma coisa é atacada, isso desperta atenção; há muitas pessoas que querem ver os prós e os contras, e a crítica a faz conhecida daqueles mesmos que dela não sonhavam...”(4)

Práticas ingênuas

Em “Diálogo com as Sombras”, Hermínio C. Miranda nos chama a atenção para os estudiosos do magnetismo e praticantes de magias sem a intenção do mal, porém, sem nenhuma conexão com a moral Cristã, o que ele chama de “práticas ingênuas”.

O autor destaca que “A reprodução destes métodos não tem por objeto aqui ridicularizar o procedimento daqueles que os praticam, pois como seres humanos, e irmãos nossos, merecem respeito e consideração.” (5), no entanto ele ressalta que estes procedimentos têm os mesmos resultados que os chamados exorcismos, quando tratando-se da desobsessão.

Para as questões obsessivas, os métodos usados no Espiritismo são os melhores e os mais eficazes dentre todos os métodos que nos foram apresentados até hoje, pois é a cura através do inapelável e irresistível amor!

Proteção e considerações finais

Após anos de muita experiência na tarefa iluminada da desobsessão, Hermínio nos ensina, também, que “...empenhado em trabalhos redentores, o grupo dispõe de proteção e ajuda de companheiros redimidos, também antigos magos, profundos conhecedores desses trabalhos, sempre presentes para contraporem seus conhecimentos e recursos às desesperadas tentativas desses irmãos...”

E sobre os pobres irmãos magos obsessores, Hermínio diz: “Atacam para não serem atacados, oprimem para não serem oprimidos, espalham a dor para não fugirem às suas próprias. Sabem muito bem que no dia em que “fraquejarem”, ou seja, aceitarem a realidade maior, que muito bem conhecem, chegará o duro momento da verdade e começará a longa escalada de volta...”

“...Estão perfeitamente conscientes, no entanto, de que um dia – não importa quando – terão fatalmente que enfrentar a realidade de si mesmos, pois o mal não é eterno...” (6)

Fraternalmente,

Refletindo o Espiritismo


(1)   “Diálogo com as sombras”, Hermínio C. Miranda, capítulo II, Magos e Feiticeiros, editora FEB.

(2)   “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, parte 2ª ,capítulo IX – Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal, “Poder oculto. Talismãs. Feiticeiros”, editora FEB.

(3)   “Evolução em dois mundos”, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 17, editora FEB.

(4)   “O que é o Espiritismo”, Allan Kardec, capítulo I, editora IDE.

(5)   “Diálogo com as sombras”, Hermínio C. Miranda, capítulo II, Magos e Feiticeiros, editora FEB.

(6)   “Diálogo com as sombras”, Hermínio C. Miranda, capítulo II, Magos e Feiticeiros, editora FEB.

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