Monday, March 24, 2014

Eu clamo amigo...

 
Assim como um Anjo lhe guarda,
Se um dia o erro me tombar ao chão;
Não pense uma só vez,
Eu clamo amigo... estenda-me a mão.

Me carregue no colo,
Não me deixe matar o sorriso;
E com tanta benevolência,
Eu clamo amigo... me chame ao juízo.

Salve-me de afogar em lágrimas,
E me lembre que a vida é um presente;
Uma escola de reforma,
Eu clamo amigo... erga esse imprudente.

Convença-me dos meus erros,
Escute meu apelo de amor;
Não vire as costas jamais,
Eu clamo amigo... abrande a minha dor.

E mesmo que eu não lhe escute,
Lhe maltrate, grite, abomine;
De mim não desista nunca,
Eu clamo amigo... não me recrimine.

Ouça o meu grito mudo,
Que destrói toda a calma;
Me revolta à loucura,
E corrói minh’alma.

Eu clamo amigo...

Fraternalmente,

Gabriela Junqueira Balassiano

Refletindo o Espiritismo

Thursday, March 20, 2014

E o perdão continua esperando

Juntos nos encontramos,
O momento é de perdão;
Mas o egoísmo nos domina,
Incapacitando estender a mão.

A voz nos canta serena,
“Amem incondicionalmente”;
Mas o que fazer com o orgulho,
Que destroça a vida da gente?

O sol nasce sem cessar,
E o perdão continua esperando;
Mas tormentos mundanos primam,
Conosco seguem macerando.

Assim é o Homem da Terra,
Caminhando sob instintos selvagens;
Pisando no próprio âmago,
Negando-se às boas romagens.

Contudo não nos enganemos,
Pois o perdão esperando está;
A lei do amor é que rege,
E a esta um só não se furtará.

Fraternalmente,

Gabriela Junqueira Balassiano

Refletindo o Espiritismo

Friday, March 14, 2014

O poder do pensamento criador

(Escrevemos este artigo, abaixo, com muito amor, especialmente, para o “Jornal de Espiritismo”, veículo de comunicação espírita da “Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal, edição de Jan/Fev 2014. Agradecemos o carinho e a confiança dos amigos que organizam este lindo trabalho na Seara do Mestre. Nossa gratidão! Que Deus os abençoe!)

Quando René Descartes nos brindou com a célebre frase “Penso, logo existo”, o filósofo, não somente estava nos ensinando a raciocinar sobre como chegar à uma verdade inquestionável, mas, mesmo que inconsciente, ele resumiu o poder do pensamento que dá forma às mais variadas realidades materiais e espirituais dos homens.
E junto a Descartes, nós Espíritas completamos o raciocínio afirmando: “Penso, logo vibro, logo crio, logo vivencio” ou “Existo conforme o que penso”.

“O pensamento ou fluxo energético do campo Espiritual se gradua nos mais diversos tipos de ondas desde os raios superultra-curtos em que se exprimem as legiões angélicas, até as ondas curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana” (1). O pensamento é ilimitado, livre e  materializa os nossos desejos mais secretos com intenções para o bem ou para o mal. Além disso, sempre que pensamos criamos as formas-pensamentos – criações mentais ou ideoplastias, e influenciamos, ainda, nossos centros de força – os chakras, bloqueando-os com energias densas ou abrindo-os às vibrações elevadas.

O pensamento é ininterrupto e supera a velocidade da luz: “...Imaginemos agora o pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da luz. Emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no espírito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa atenção. Daí, a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais nobres e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da mesma natureza...” (2)

E quando Jesus, conhecedor das verdades eternas da vida, nos recomendou “orar e vigiar”, como parte de nossa reforma íntima, o Mestre nos dizia para cuidar desse poder do pensamento, ainda tão desequilibrado e sintonizado nas baixas vibrações.

Oremos e vigiemos os pensamentos, pois se queremos progredir na escala espiritual, devemos cuidar de todas as particularidades que os envolvem e refletem em nossas vidas: o juízo, a vontade, a memória, o sentimento, as recordações, o zelo, os conhecimentos e idéias, as considerações e reflexões, a sintonia com o mundo espiritual e outros encarnados. Oremos e vigiemos tudo o que nos faz existir e ser, canalizando nossos pensamentos para o amor a Deus e ao próximo.

“O pensamento do Espírito encarnado age sobre os fluidos espirituais como também o dos Espíritos desencarnados; transmite-se de Espírito a Espírito, pela mesma via, e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos circundantes.” (3) A capacidade de pensar e desvendar os poderes da mente sempre foi algo fascinante e intrigante à Ciência, que mesmo ainda reticente ao assunto, vem amansando seu orgulho e dobrando-se ao Criador. Cada vez mais, milhares de profissionais estão se utilizando do poder do pensamento, paralelamente aos tratamentos necessários da medicina, para a melhora de seus pacientes. As mais variadas enfermidades são retardadas ou curadas com a ajuda de terapias incentivadoras do pensamento positivo.

Uma força tão poderosa, o pensamento é também meio de comunicação em mundos evoluídos, onde seus habitantes conversam mentalmente entre si ou entre habitantes de outros planos espirituais. E lembramos que, mesmo em proporções significativamente menores, nós moradores do planeta Terra exercitamos essa comunicação mental diariamente, através da mediunidade ostensiva ou inconsciente. Mediunidade, esta, que pode ocorrer entre encarnado e desencarnado ou entre encarnado e encarnado.

Oh! Quão reconfortante é saber que, além da vida ser eterna e que o progresso é uma lei divina, sem a possibilidade de darmos passos para trás, compreendemos também que podemos dar passos mais largos, avançando em nosso crescimento espiritual, através do controle e redirecionamento dos nossos pensamentos. E para tal não há segredo, mérito ou fórmula, basta vontade, prece, sintonia com os Espíritos elevados e a elevação dos ambientes que frequentamos.

Mais um ano nos é presenteado, com novas oportunidades de mudança. Feliz Ano Novo para toda a humanidade, renovada em pensamentos criadores em todo o Bem que Jesus nos ensinou!


Pensamento sobre o pensamento

Além desses bosques e montanhas,
Meu pensamento se vai;
Espalhando pelos céus planetários,
O amor plantado em mim pelo Pai.

Além desses bosques e montanhas,
Meu pensamento plana;
E através de vontade fraterna,
Transformo ódio em força que ama.

Além desses bosques e montanhas,
Meu pensamento transforma;
Abraçando a humanidade,
Com pureza e reforma.

Meu pensamento cria,
O seu pensamento também;
Unamo-nos num só coração,
E criemos somente o Bem.

Fraternalmente,
Gabriela Junqueira Balassiano
Refletindo o Espiritismo

 
(1) “Mecanismos da Mediunidade”, psicografias de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ditado pelo Espírito André Luiz, editora FEB.
(2) “Ação e Reação”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito André Luiz, editora FEB.

(3) “A Gênese”, Allan Kardec, editora FEB.

http://www.adeportugal.org/jornal/
 
http://adeportugal.org/adep/
 

Sunday, March 9, 2014

Silêncio, por favor, Chico vai falar: Judas Iscariotes


 
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 05 - JUDAS ESCARIOTES
19 de Abril de 1935

Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.

Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições.

Os espíritos podem vibrar em contacto direto com a história. Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.

Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante.

- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas.

- Judas?!...
- Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho...

Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.

- O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot? – Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...

- É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?

- Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sinedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.

- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?

- Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...

- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.

- Sim... Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor... Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.

Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado...

- É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.

Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.

(Livro: Crônicas de Além-Túmulo, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, editora FEB)
Fraternalmente,

Refletindo o Espiritismo

 

Não existe kardecismo ou kardecista

Depois de conversarmos sobre a diferença entre Espiritismo e Espiritualismo, gostaríamos, agora, de falar sobre as antigas e muito equivocadas expressões “kardecista” e “kardecismo”.

E para tal, passamos a palavra a Luiz Pessoa Guimarães.
Espiritismo (Somente Espiritismo)

Quando Allan Kardec apôs ao nome de algumas de suas obras a informação: “Segundo o Espiritismo”, sua intenção, foi uma só. Informar que aquelas obras foram escritas em conformidade com “O Livro dos Espíritos”. “Os mesmos escrúpulos havendo presidido a redação das nossas outras obras, pudemos com toda a verdade, dizê-las: segundo o Espiritismo,...”. (A Gênese – Introdução).
“Generalidade e concordância no ensino, esse o caráter essencial da doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo o princípio que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante desta mesma doutrina. Será uma simples opinião isolada, da qual não pode o Espiritismo assumir a responsabilidade.” (A Gênese – Introdução).

“Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é ser divina a sua origem e da iniciativa dos espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.” “Cada centro encontra, nos outros centros o complemento do que obtém, e foi o conjunto, a coordenação de todos os ensinos parciais que constituíram a doutrina espírita.” (A Gênese – Caráter da Revelação Espírita).
Conforme demonstrado acima, o Espiritismo é um corpo de doutrina de iniciativa dos espíritos (O Livro dos Espíritos) e complementado pelos espíritos como “a resultante do ensino coletivo e concorde por eles dado. Somente sob tal condição se lhe pode chamar doutrina dos Espíritos.” (A Gênese – Introdução).

Desta forma, assim como não falamos “doutrina Chiquista”, “doutrina Denista”, “doutrina Delannista”; não é coerente nos expressarmos à doutrina dos Espíritos, como: “doutrina Kardecista”. Se nos acostumarmos com a expressão “Espírita Kardecista” iremos sancionar as outras expressões “Espirita Umbandista”, “Espirita de Mesa Branca”. Não: Espiritismo é um só corpo de doutrina muito bem delineado. Se porventura, alguém ainda se expressa desta forma, faça chegar até ele este nosso artigo, pois, em conhecendo a Verdade, esta nos libertará.
Luiz Pessoa Guimarães
14 de fevereiro de 2013 - Vade Mecum Espírita


Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo

Saturday, March 1, 2014

Espiritismo ou Espiritualismo?

Pergunto-vos, em primeiro lugar, qual a necessidade da criação de novos termos: espírita e espiritismo, para substituir: espiritualista e espiritualismo, que são da língua vulgar e por todos compreendidos? Já ouvi alguém classificar tais termos de barbarismos.

A. K. - De há muito tem já a palavra espiritualista uma acepção bem determinada; é a Academia que no-la dá: Espiritualista, aquele ou aquela pessoa cuja doutrina é oposta ao materialismo.

Todas as religiões são necessariamente fundadas sobre o espiritualismo. Aquele que crê que em nós existe outra coisa, além da matéria, é espiritualista, o que não implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações. Como o podereis distinguir daquele que tem esta crença? Ver -vos-eis obrigado a servir-vos de uma perífrase e dizer: É um espiritualista que crê ou não crê nos Espíritos.

Para as novas coisas são necessários termos novos, quando se quer evitar equívocos. Se eu tivesse dado à minha Revista a qualificação de espiritualista, não lhe teria especificado o objeto, porque, sem desmentir-lhe o título, bem poderia nada dizer nela sobre os Espíritos, e até combatê-los.

Já há algum tempo, li num jornal, a propósito de uma obra filosófica, um artigo em que se dizia tê-la o autor escrito do ponto de vista espiritualista; ora, os partidários dos Espíritos ficariam singularmente desapontados se, confiantes nessa indicação, acreditassem encontrar alguma concordância entre o que ela ensina e as idéias por eles admitidas.

Se adotei os termos espírita, espiritismo, é porque eles exprimem, sem equívoco, as idéias relativas aos Espíritos.

Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas.

Ainda que os Espíritos fossem uma quimera, havia utilidade em adotar termos especiais para designar o que a eles se refere; porque as falsas idéias, como as verdadeiras, devem ser expressas por termos próprios.

Além disso, essas palavras não são mais bárbaras que as outras que as ciências, as artes e a indústria diariamente estão criando; com certeza, elas não o são mais do que aquela que Gall imaginou para a sua nomenclatura das faculdades, como: Secretividade, alimentividade, afecionividade, etc.

Há pessoas que, por espírito de contradição, criticam tudo que não provém delas, tomando ares de oposicionistas; aqueles que assim provocam tão pequeninas chicanas, só revelam o acanhamento de suas idéias. Agarrar-se a tais bagatelas é demonstrar falta de boas razões.

As palavras espiritualismo e espiritualista são inglesas, e têm sido empregadas nos Estados Unidos desde que começaram a surgir as manifestações dos Espíritos; no começo e por algum tempo, também delas se serviram na França; logo, porém, que apareceram os termos espírita, espiritismo, compreendeu- se a sua utilidade, e foram imediatamente aceitos pelo público.

Hoje, seu uso está tão generalizado que os próprios adversários, aqueles que no princípio os classificavam de barbarismos, não empregam outros. Os sermões e as pastorais que fulminam o Espiritismo e os espíritas viriam produzir enorme confusão, se fossem dirigidos ao espiritualismo e aos espiritualistas.

Bárbaros ou não, esses termos estão hoje incluídos na língua usual e em todas as línguas da Europa; são os únicos empregados em todas as publicações, favoráveis ou contrárias, feitas em todos os países. Eles ocupam o vértice da coluna da nomenclatura da nova ciência; para exprimir os fenômenos especiais dessa ciência, tínhamos necessidade de termos especiais; o Espiritismo hoje possui a sua nomenclatura, tal como a Química.

As palavras espiritualismo e espiritualista, aplicadas às manifestações dos Espíritos, não são hoje mais empregadas senão pelos adeptos da escola americana.

(Livro: O que é o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo I, Pequena conferência espírita, Segundo diálogo – O Céptico, Espiritismo e Espiritualismo, editora FEB)

Fraternalmente,

Refletindo o Espiritismo