Thursday, September 1, 2016

Setembro amarelo - pela prevenção ao suicídio

VI – Desgosto Pela Vida – Suicídio

943. De onde vem o desgosto pela vida que se apodera de alguns indivíduos sem motivos plausíveis?

— Efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da saciedade. Para aqueles que exercem as suas faculdades com um fim útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente; suportam as suas vicissitudes com tanto mais paciência e resignação quanto mais agem tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que os espera.

944. O homem tem o direito de dispor da sua própria vida?

— Não; somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei.

944 – a) O suicídio não é sempre voluntário?

— O louco que se mata não sabe o que faz.

945. O que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida?

— Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes teria sido tão pesada!

946. Que pensar do suicida que tem por fim escapar às misérias e às decepções deste mundo?

— Pobres Espíritos que não tiveram a coragem de suportar as misérias da existência! Deus ajuda aos que sofrem e não aos que não têm força nem coragem. As tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados! Infelizes, ao contrário, os que esperam uma saída nisso que, na sua impiedade, chamam de sorte ou acaso! A sorte ou acaso, para me servir de sua linguagem, podem de fato favorecê-los por um instante, mas somente para lhes fazer sentir mais tarde, e de maneira mais cruel, o vazio de suas palavras.

946 – a) Os que levaram o desgraçado a esse ato de desespero sofrerão as consequências disso?

— Oh! Infelizes deles! Porque responderão como por um assassínio.

947. O homem que se vê às voltas com a necessidade e se deixa morrer de desespero pode ser considerado como suicida?
      
—E um suicida, mas os que o causaram ou que o poderiam impedir são mais culpáveis que ele, a quem a indulgência espera. Não acrediteis, porém, que seja inteiramente absolvido se lhe faltou a firmeza e a perseverança, e se não fez uso de toda a sua inteligência para sair das dificuldades. Infeliz dele, sobretudo, se o seu desespero é filho do orgulho; quero dizer, se é um desses homens em que o orgulho paralisa os recursos da inteligência e que se envergonhariam se tivessem de dever a existência ao trabalho das próprias mãos, preferindo morrer de fome a descer do que chamam a sua posição social! Não há cem vezes mais grandeza e dignidade em lutar contra a adversidade, em enfrentar a crítica de um mundo fútil e egoísta, que só tem boa vontade para aqueles a quem nada falta, e que vos volta as costas quando dele necessitais? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é uma coisa estúpida, porque ele não se importará com isso.

948. O suicida que tem por fim escapar à vergonha de uma ação má é tão repreensível como o que é levado pelo desespero?


— O suicídio não apaga a falta. Pelo contrário, com ele aparecem duas em lugar de uma. Quando se teve a coragem de praticar o mal, é preciso tê-la para sofrer as consequências. Deus é quem julga. E, segundo a causa, pode, às vezes, diminuir o seu rigor.

949. O suicídio é perdoável quando tem por fim impedir que a vergonha envolva os filhos ou a família?


— Aquele que assim age não procede bem, mas acredita que sim, e Deus levará em conta a sua intenção, porque será uma expiação que a si mesmo se impôs. Ele atenua a sua falta pela intenção, mas nem por isso deixa de cometer uma falta. De resto, se abolirdes os abusos da vossa sociedade e os vossos preconceitos, não tereis mais suicídios.
Comentário de Kardec: Aquele que tira a própria vida para fugir à vergonha de uma ação má, prova que tem mais em conta a estima dos homens que a de Deus, porque vai entrar na vida espiritual carregado de suas iniquidades, tendo-se privado dos meios de repará-las durante a vida. Deus é muitas vezes menos inexorável que os homens: perdoa o arrependimento sincero e leva em conta o nosso esforço de reparação; mas o suicídio nada repara.

950. Que pensar daquele que tira a própria vida com a esperança de chegar mais cedo a uma vida melhor?

— Outra loucura! Que ele faça o bem e estará mais seguro de alcançá-la, porque, daquela forma, retarda a sua entrada num mundo melhor e ele mesmo pedirá para vir completar essa vida que interrompeu por uma falsa idéia. Uma falta, qualquer que ela seja, não abre jamais o santuário dos eleitos.

951. O sacrifício da vida não é às vezes meritório, quando tem por fim salvar a de outros ou ser útil aos semelhantes?

— Isso é sublime, de acordo com a intenção, e o sacrifício da vida não é então um suicídio. Mas Deus se opõe a um sacrifício inútil e não pode vê-lo com prazer, se estiver manchado pelo orgulho. Um sacrifício não é meritório senão pelo desinteresse, e aquele que o pratica tem, às vezes, uma segunda intenção que lhe diminui o valor aos olhos de Deus.
Comentário de Kardec: Todo sacrifício feito à custa da própria felicidade é um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, porque é a prática da lei de caridade. Ora, sendo a vida o bem terreno a que o homem dá maior valor, aquele que a ela renuncia pelo bem dos seus semelhantes não comete um atentado: é um sacrifício que ele realiza. Mas antes de o realizar deve refletir se a sua vida não poderá ser mais útil que a sua morte.

952. O homem que perece como vítima do abuso das paixões que, como o sabe, deve abreviar o seu fim mas às quais não tem mais o poder de resistir, porque o hábito as transformou em verdadeiras necessidades físicas, comete um suicídio?
     
— E um suicídio moral. Não compreendeis que o homem, neste caso, é duplamente culpado? Há nele falta de coragem e bestialidade, e além. disso o esquecimento de Deus.

952 – a) É mais ou menos culpado do que aquele que corta a sua vida por desespero?

— É mais culpado porque teve tempo de raciocinar sobre o seu suicídio. Naquele que o comete instantaneamente há. às vezes, uma espécie de desvario que se aproxima da loucura; o outro será muito mais punido, porque as penas são sempre proporcionadas à consciência que se tenha das faltas cometidas.

953. Quando uma pessoa vê à sua frente uma morte inevitável e terrível, é culpada por abreviar de alguns instantes o seu sofrimento, por uma morte voluntária?

— Sempre se é culpado de não esperar o termo fixado por Deus. Aliás, haverá certeza de que ele tenha chegado, malgrado as aparências, e não se pode receber um socorro inesperado no derradeiro momento?

953 – a) Concebe-se que, em circunstancias ordinárias, seja o suicídio repreensível, mas figuramos o caso em que a morte é inevitável e em que a vida só é abreviada por alguns instantes.

— É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Criador.

953 – b) Nesse caso, quais são as consequências de tal ação?

— Uma expiação proporcional à gravidade da falta, segundo as circunstâncias, como sempre.

954. Uma imprudência que compromete a vida sem necessidade é repreensível?

— Não há culpabilidade quando não há a intenção ou a consciência positiva de fazer o mal.

955. As mulheres que, em certos países, se queimam voluntariamente sobre os corpos de seus maridos podem ser consideradas como tendo se suicidado e sofrem as consequências disso?

— Elas obedecem a um preconceito e geralmente o fazem mais pela força do que pela própria vontade. Acreditam cumprir um dever, o que não é característica do suicídio. Sua escusa está na falta de formação moral da maioria delas e na sua ignorância. Essas usanças bárbaras e estúpidas desaparecem com a civilização.

956. Os que, não podendo suportar a perda de pessoas queridas, se matam, na esperança de se juntarem a elas, atingem o seu objetivo?

— O resultado para elas é bastante diverso do que esperam, pois, em vez de se unirem ao objeto de sua afeição, dele se afastam por mais tempo, porque Deus não pode recompensar um ato de covardia e o insulto que lhe é lançado com a dúvida quanto à sua providencia. Eles pagarão esse instante de loucura com aflições ainda maiores do que aquelas que quiseram abreviar, e não terão para os compensar a satisfação que esperavam. (Ver item 934 e seguintes.)

957. Quais são, em geral, as consequências do suicídio sobre o estado do Espírito?
     
— As consequências do suicídio são as mais diversas. Não há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às causas que o produziram. Mas uma consequência a que o suicida não pode escapar é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa nova existência, que será pior que aquela cujo curso interromperam.

Comentário de Kardec: A observação mostra, com efeito, que as consequências do suicídio não são sempre as mesmas. Há, porém, as que são comuns a todos os casos de morte violenta, as que decorrem da interrupção brusca da vida. É primeiro a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito e o corpo, porque esse laço está quase sempre em todo o seu vigor no momento em que foi rompido, enquanto na morte natural se enfraquece gradualmente e em geral até mesmo se desata antes da extinção completa da vida. As consequências desse estado de coisas são a prolongação da perturbação espírita, seguida da ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no número dos vivos. (Ver itens 155 e 165.)
A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas. uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que, assim, ressente, malgrado seu, os efeitos da decomposição, experimentando uma sensação cheia de angústia e horror. Esse estado pode persistir tão longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida. Esse efeito não é geral; mas em alguns casos o suicida não se livra das consequências de sua falta de coragem e, cedo ou tarde, expia essa falta, de uma ou de outra maneira. É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito infelizes na Terra, disseram haver se suicidado na existência precedente e estar voluntariamente submetidos a novas provas, tentando suportá-las com mais resignação. Em alguns, é uma espécie de apego à matéria, da qual procuram inutilmente desembaraçar-se para se dirigirem a mundos melhores, mas cujo acesso lhes é interditado. Na maioria, é o remorso de haverem feito uma coisa inútil, da qual só provam decepções.
A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário à lei natural. Todas nos dizem, em princípio, que não se tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Mas por que não se terá esse direito? Por que não se é livre de pôr um termo aos próprios sofrimentos? Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é apenas uma falta como infração a uma moral, consideração que pouco importa para certos indivíduos, mas um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica e até pelo contrário. Não é pela teoria que ele nos ensina isso, mas pelos próprios fatos que coloca sob os nossos olhos(1).

(1) O argumento espírita contra o suicídio não é apenas moral, como se vê, mas também biológico, firmando-se no princípio de ligação entre o Espírito e o corpo. A morte, como fenômeno natural, tem as suas leis, que o Espiritismo revelou através de rigorosa investigação. O sofrimento do suicida decorre do rompimento arbitrário dessas leis; é como arrancar à força um fruto verde da árvore.

— As estatísticas mostram que a incidência do suicídio é maior nos países e nas épocas em que a ambição e o materialismo se acentuam, provocando mais abusos e excitando preconceitos. A falta de organização social justa e de educação para todos é causa de suicídios e crimes. Ver o final do item 949: “… se abolirdes os abusos da vossa sociedade e os vossos preconceitos, não tereis mais suicídios.” (N. do T.)

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - tradução de José Herculano Pires

Fraternalmente,

Refletindo o Espiritismo





Thursday, April 14, 2016

Nas asas do amor voltei

Para muito longe voei,
De Ti resolvi separar;
Fui nas asas da ilusão,
Que traz angústia a alucinar.

Para tão, tão longe fui,
Já não mais luz entrevia;
A mesma que no futuro,
Será toda sabedoria.

As asas da ilusão são largas,
Enganam ser vigorosas;
Porém, são apenas quimeras,
Degradantes e temerosas.

Mas com Sua infinita bondade,
Sempre esteve a me esperar;
A volta do filho pródigo,
Cansado de tanto errar.

E nas asas do amor voltei,
Ao Seu regaço amoroso;
Trabalhar agora é a lei,
Por todo aquele que volta culposo.

Engana-se quem profere,
Que voltamos também pela dor;
O sofrimento não regenera,
Se com ele não reina o amor.

Então nas asas do amor voltei,
E pretendo não mais regressar;
Ao mundo de desacertos,
Que só nos faz ludibriar.

Gabriela Junqueira Balassiano

Fraternalmente,

Refletindo o Espiritismo


Tuesday, March 22, 2016

Nos Passos do Mestre

Atenção pessoal, estréia neste 24 de Março, o filme "Nos Passos do Mestre". Esperamos tanto por esta estréia! Que maravilha, Jesus Cristo numa visão Espírita!

Gratidão Nos Passos do Mestre, gratidão Professor Severino Celestino de Abrindo a Bíblia.

*Refletindo o Espiritismo vibrando paz e amor para o mundo*











 

Monday, February 29, 2016

A raiva

A raiva é orgulho ferido,
Não conhece a tolerância;
Não faz parte do homem de bem,
Que espalha virtudes em abundância.

E cruel não só é quem o faz,
Que por vezes vive a rudeza;
Cruel duplamente é aquele,
Que contra-ataca com raiva e destreza.

A raiva move a vingança,
Ato torpe que rebaixa ao mal;
Companheira terrível da alma,
Que alimenta de ódio a moral.

É ainda veneno feroz,
Que destrói e corrói-nos aos poucos;
Faz brotar sentimentos impuros,
Estacionar na vileza dos loucos.

E o raivoso orgulhoso esbraveja,
Não ter culpa do mal que padece;
Quer colher sem plantar as virtudes,
Exige o apreço que não o merece.

Mas se a raiva à porta nos bate,
Não precisamos de todo temer;
Redobremos as forças na paz,
E oremos para nos proteger.

Nos momentos insanos de raiva,
Nunca devemos mal reagir;
Ao contrário elevar a doçura,
E deixar o amor bem agir.

Domemos então toda a fúria,
Contra quem clamamos maldito;
Não importa o que o outro nos faça,
Valoroso é manter-se bendito.

Alimentar sentimentos nobres,
Primando sempre pelo perdão;
Nos faz somar tesouros da alma,
Vinha de luz, do coração!

Gabriela Junqueira Balassiano

Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo
 
 
NOVIDADE!
 
Agora nossos poemas podem ser ouvidos nos websites Jardin de Lys (no Cantinho do Artista) e WebRádio Fraternidade (entre algumas programações e no Momento de Oração das 12:00pm), além da União Rádio Web de Piracicaba, que pode ser acessada no aplicativo irádios.


Monday, February 15, 2016

AME-Brasil: sobre o Zika Vírus e o Aborto


Posição oficial da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil) sobre o Zika vírus e o aborto

VIDA SIM, ABORTO NÃO!

Segue, abaixo, na íntegra, o texto que pode ser encontrado no website da AME-Brasil: http://www.amebrasil.org.br/2015/node/831



Zika Vírus e o Aborto

Os que defendem a legalização do aborto encontraram na associação do aumento da microcefalia com o surto de zika vírus uma oportunidade para retomar a discussão da liberação do aborto no Brasil.

Recentemente foi noticiado que grupo liderado pela Débora Diniz, do instituto de bioética Anis, prepara uma ação no STF para a liberação do aborto em casos de microcefalia. É o mesmo grupo que propôs a ação para interrupção da gravidez de anencéfalos, acatada pelo STF em 2012.

A bióloga e feminista Ilana Löwy, numa entrevista para a Revista ÉPOCA, vê no surto de zika vírus uma oportunidade para se debater o direito de decisão da mulher de ter ou não o bebê, como aconteceu com a epidemia de rubéola no Reino Unido. Interessante é que a Rubéola hoje em dia é uma doença totalmente controlável e passível de prevenção através da vacinação, deixando de ser um risco epidêmico, usado como justificativa para a liberação do aborto na Europa.

Os argumentos utilizados se baseiam na liberdade da mulher poder escolher o que é melhor para si, esquecendo que existe uma vida a qual se está negando o primeiro e mais fundamental dos direitos humanos, o direito à vida.

Cabe ressaltar que os fundamentos utilizados para liberar o aborto dos fetos anencéfalos não se aplicam nesses casos.

O diagnóstico da microcefalia é tardio, em torno da 28ª semana, diferentemente da anencefalia, que é feito a partir da 12ª semana de gestação.

As lesões da microcefalia geralmente aparecem na ultrassonografia depois da 24ª e não são incompatíveis com vida, como nos casos de anencefalia.

Além disso, o diagnóstico ecográfico de lesão neurológica não é 100% seguro, já que depende da análise de um profissional passível de equívocos. Existem inúmeros relatos de erros em fetos com diagnóstico de mal-formações neurológicas e que nasceram perfeitamente normais.

No entanto, os que argumentam em favor do aborto querem transformar o diagnóstico de microcefalia em atestado de morte para todas as crianças das mães que contraíram o zika vírus e que optarem pela interrupção da gravidez, mesmo com possibilidades de nascerem normais ou com poucas sequelas neurológicas.

Com o avanço da medicina fetal e da genética médica, hoje é possível a detecção, ainda no útero, de várias anomalias fetais. Diversas técnicas como ultrassom morfológico, ultrassom de terceira dimensão, a biópsia de vilos coriais, a amniocentese, a cordocentese, o desenvolvimento da técnica citogenética molecular permitem o diagnóstico intrauterino de várias doenças. O diagnóstico permite iniciar o tratamento antes do nascimento, como cirurgias intrauterinas para correções de más-formações, assim como a preparação psicológica dos pais para o enfrentamento das graves anomalias.

Querer selecionar apenas as crianças saudáveis com direito à vida é retomar a prática da eugenia feita na Grécia antiga e pelo nazismo, abrindo um precedente para a liberação do aborto em outros casos de microcefalia como as causadas por hipóxia neonatal, desnutrição grave na gestação, fenilcetonúria materna, rubéola congênita na gravidez, toxoplasmose congênita na gravidez, infecção congênita por citomegalovírus ou em doenças genéticas como Síndrome de Down, Síndrome de Cornelia de Lange, Síndrome Cri du Chat, Síndrome de Rubinstein – Taybi, Síndrome de Seckel, Síndrome de Smith-Lemli–Opitz e Síndrome de Edwards.

Nesses casos pessoas como Ana Carolina Dias Cáceres, moradora de Campo Grande (MS), hoje com 24 anos e formada em jornalismo, e tantas outras crianças em situações parecidas, não teriam direito à vida.

Ao saber da iniciativa de alguns em defender o aborto de fetos com microcefalia, Ana Cáceres veio a público dar seu depoimento a BBC do Brasil em defesa dos portadores de microcefalia.

Nos casos microcefalia não se pode falar na opção de abortamento, pois não se trata de patologia letal que inviabilize a vida extrauterina. Embora as limitações que possam surgir, a expectativa de vida das crianças com microcefalia não são diferentes das outras crianças, exigindo, no entanto, estimulação e cuidados especiais para melhorar a sua qualidade de vida.

A discussão do aborto em casos de microcefalia retrata bem o momento pós-moderno em que vivemos, o que Bauman, um dos maiores pensadores da atualidade, chama de modernidade líquida. Na modernidade líquida os indivíduos não possuem mais padrões de referência, nem códigos sociais e culturais que lhes possibilitem, ao mesmo tempo, construir sua vida e se inserir dentro das condições de classe e cidadão.

A modernidade líquida trouxe descentramento do homem, do sujeito, produzindo identidades híbridas, locais e globais, efêmeras sobre tudo. É a cultura do efêmero, da destruição criativa, “tudo que é sólido desmancha no ar” na imagem trazida por Berman.

Para a maioria dos autores, a pós-modernidade é marcada como a época das incertezas, das fragmentações, do narcisismo, da troca de valores, do vazio, do niilismo, da deserção, do imediatismo, da efemeridade, do hedonismo, da substituição da ética pela estética, da apatia, do consumo de sensações e do fim dos grandes discursos.

A educação recebida dos pais e das escolas, os valores morais que orientam as boas relações sociais, o fortalecimento da família e a busca do bem comum está perdendo espaço para novas formas de comportamento regidas pelas leis do mercado, do consumo e do espetáculo.
Existe uma crise de valores com perda de referenciais importantes em detrimento de uma vida superficial e de um discurso liberal.

Na sociedade pós-moderna predomina o ter acima do ser, o prazer pelo prazer, o prazer acima de tudo, a permissividade que justifica que tudo é bom desde que me sinta bem, o relativismo no qual não há nada absoluto, nada totalmente bom ou mau e as verdades são oscilantes, o consumismo, se vive para consumir, e o niilismo caracterizado pela subjetividade, a paixão pelo nada, numa indiferença assustadora.

Renata Araújo descreve muito bem o sujeito pós-moderno:

“A pós-modernidade nos apresenta um sujeito imediatista, fragmentado, narcisista, desiludido, ansioso, hedonista, deprimido, embora também informatizado, buscando independência, autonomia e defesa de seus direitos. Mas, a supervalorização e autonomia geram um individualismo, um egocentrismo, uma ênfase na subjetividade, sendo o outro apenas para a consecução de seus objetivos pessoais.” (ARAÚJO, p. 1 e 2)

Vive-se numa época de grande competitividade e de pouca solidariedade. Em nome dessa nova ideologia, os indivíduos se permitem agir passando por cima de valores fundamentais.

A coisificação da vida e o predomínio dos interesses pessoais em detrimento do coletivo são bem característicos dessa fase em que vivemos.

Entretanto, aprendemos com a genética que a diversidade é a nossa maior riqueza coletiva. E o feto anômalo, mesmo o portador de grave deficiência, como é o caso da microcefalia, faz parte dessa diversidade. Deve ser, portanto, preservado e respeitado.

Necessário se faz proteger também a gestante, dando a ela apoio em sua gravidez e proporcionando tratamento ao seu futuro filho.

Reconhecemos que a mulher que gera um feto deficiente precisa de ajuda psicológica por longo tempo; constatamos, porém, que, na prática, esse direito não lhe é assegurado.

O aborto provocado é um procedimento traumático com repercussões gravíssimas para a saúde mental da mulher e que geralmente aparecem tardiamente.

O aborto produz um luto incluso devido à negação da ocorrência de uma morte real, mas esse aspecto é totalmente desconsiderado.

As mulheres sofrem uma perda e suas necessidades emocionais são relegadas ou escondidas. Elas não conseguem vivenciar o seu luto e lidar com a culpa. Esse processo vai gerar profundas marcas e favorecer o surgimento da Síndrome pós-aborto (PAS).

Psiquiatras e psicólogos especializados em atender mulheres que abortaram alertam para o aumento dos transtornos emocionais causados pelo aborto provocado. Eles afirmam que os efeitos psicológicos do aborto são extremamente variados e não são determinados pela educação recebida ou pelo credo religioso. Esclarecem que a reação psicológica ao aborto espontâneo e ao aborto involuntário é diferente, está relacionada com as características de cada um desses dois eventos. O aborto espontâneo é um evento imprevisto e involuntário, enquanto o aborto provocado interrompendo o desenvolvimento do embrião ou do feto e extraindo-o do útero materno contempla a responsabilidade consciente da mãe. As mulheres que se submeteram ao aborto afirmam que a culpa não é gerada de fora para dentro, infundida nelas por outras pessoas ou pela religião, ao contrário, ela surge e cresce em seu mundo íntimo a partir do ato abortivo.

Os problemas emocionais gerados pelo aborto são tão graves, que em muitos países onde ele é legalizado, foram criadas, pelas próprias mulheres vitimadas pelo aborto, associações como a Women Exploited by Abortion (Mulheres Exploradas pelo Aborto) nos EUA, e a Asociación de Víctimas del Aborto (Associação de Vítimas do Aborto) na Espanha, que orientam e alertam sobre as consequências prejudiciais do aborto.

O aborto não é definitivamente uma "solução fácil" como afirmam muitos, mas um grave problema, um ato agressivo que terá repercussões contínuas na vida da mulher.

As consequências danosas provocadas pelo aborto à saúde mental nos países onde ele foi legalizado é tão grave como a depressão profunda, que o Royal College of Psychiatrists (associação dos psiquiatras britânicos e irlandeses), alertaram que a mulher deve ser comunicada para os graves riscos emocionas que se submete caso opte pela interrupção da gravidez.

Portanto, aborto nunca será uma solução, sempre um lado ou ambos serão prejudicados. Não é dando a mulher autonomia para matar seu filho dentro de seu ventre que resolveremos os problemas sociais. Isto não passa de demagogia. É necessário investir na educação das massas para prevenção da gravidez indesejada, mas jamais matar uma criança inocente. Os fins não podem justificar os meios.

A sociedade que apela para o aborto declara-se falida em suas bases educacionais, porque dá guarida à violência no que ela tem de pior, que é a pena de morte para inocentes. Compromete, portanto, o seu projeto mais sagrado que é o da construção da paz.

A Associação Médico-Espírita do Brasil reitera seu posicionamento contra qualquer forma de violência a uma nova vida que não põe em risco a vida materna e que surge aguardando o auxílio de braços fortes e sensíveis que lhe ampare em sua fragilidade.
Concitamos a todos os colegas das AMEs para continuarmos firmes em defesa da vida e da paz.

AME-Brasil

REFERÊNCIAS
1) ARAÚJO, Renata Castro Branco. O Sofrimento Psíquico na Pós-Modernidade: Uma Discussão Acerca dos Sintomas Atuais na Clínica Psicológica. Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em Psicologia Clínica. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0311.pdf Acessado em 09/02/2016.
2) BAUMAN, Zygmunt. Ética Pós-moderna. São Paulo: Paulus Ed., 1997.
3) BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
4) BAUMAN, Zygmunt. Tempos Líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
5) BAUMAN, Zygmunt. Cegueira Moral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2014
6) BERMAN, Marshall. Tudo que é Sólido Desmancha no Ar. São Paulo: Schwarce ed., 1986.
7) CÁCERES, Ana Carolina Dias 'Existo porque minha mãe não optou pelo aborto', diz jornalista com microcefalia. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/02/1735812-existo-porque-min... Acessado em 09/02/2016.
8) LÖWI, Ilana. A rubéola levou à legalização do aborto no Reino Unido. O zika fará o mesmo no Brasil? Disponível em: http://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/02/rubeola-levou-legalizacao-do... Acessado em 09/02/2016.
9) RAZZO, Francisco. Um novo nome para uma velha fantasia. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/um-novo-nome-para-uma-vel... Acessado em 09/02\/2016.

Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo
 
 

Thursday, February 11, 2016

Conhecimento que liberta

Estudemos cada letra,
Cada frase encoberta;
Somente assim adquirimos,
Conhecimento que liberta.

A ignorância aprisiona,
Faz a luz nos apagar;
Restringindo cada passo,
Que nos faz subestimar.

Satisfazer-se com o pouco,
É limitar a existência;
Colocando-se em perigo,
De estacionar toda a ciência.

Com a razão alicerçada,
Toda fé é inabalável;
Não se corre algum risco,
De se crer no contestável.

São chegados os tempos áureos,
Estudemos sem cessar;
Pousando a luz sobre o alqueire,
E na vanguarda se firmar.

Então soltemos as amarras,
Que há eras nos reprime;
Reunindo aprendizado,
Em amor puro e sublime.

O despotismo perde espaço,
Para o livre pensamento;
Mãos à obra do futuro,
Cheios de contentamento.

Assim sendo nos lembremos,
Que estudar é lei aberta;
Levantemos a bandeira,
Conhecimento que liberta.

Gabriela Junqueira Balassiano

Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo
 
 

 

Thursday, January 28, 2016

Visão Espírita do Carnaval

Se em algumas almas ainda existe a necessidade de brincar o carnaval, que estas brinquem com moderação, procurando a alegria saudável.

É importante lembrar, sempre, que "atrás do trio elétrico TAMBÉM VAI quem já morreu!"

Mantenhamos nossos corações em prece, nesta época em que o Planeta recebe de assalto uma "...verdadeira infestação espiritual perturbadora da sociedade terrestre, quando legiões de espíritos infelizes, ociosos e perversos, são atraídas e sincronizam com as mentes desarvoradas", deixando para trás consequências devastadoras como doenças, distúrbios afetivos e morais, quebras financeiras, homicídios e suicídios, acidentes, estupros, crianças abandonadas, etc.

Fraternalmente,
 
Refletindo o Espiritismo