A importância da
vulgarização do Espiritismo evangélico destaca-se, sobremodo, em todos os
campos da atividade comum.
Não obstante o
avanço científico dos tempos modernos, os cemitérios diariamente recebem
vastíssimas contribuições e, na retaguarda dos sepulcros, enfileiram-se os
lares vazios e os berços abandonados.
Não somente a
guerra devasta os jardins familiares. O gládio da morte visita os agrupamentos
humanos, há muitos milênios, desde a tribo dominadora, que se sentia senhora da
montanha e do rio mais próximo de sua taba. A tuberculose, por exemplo, devora
milhares de existências por ano. A lepra e o câncer consomem vidas sem conta. E
a velha ceifeira de corpos, exigente renovadora das formas, detendo maravilhoso
poder de ubiqüidade, comparece nas cidades populosas e nos vilarejos anônimos e
tanto espia os bairros de luxo, como os subúrbios infelizes, de onde a higiene
se evadiu, em virtude das reiteradas invasões da miséria.
Refere-se o
médico à necessidade do soro e da vitamina que restauram as células cansadas. O
sociólogo recomenda medidas que atendam à coletividade. O economista pede o
aproveitamento do solo e determina a consulta aos mercados internos e externos.
O político reclama garantias à organização partidária. O banqueiro examina o
câmbio, atenciosamente. O geógrafo preocupa-se pela exatidão da estatística. O
jurista bate-se pela aplicação das normas legais. O comerciante pede caminhos
novos e empenha-se pela concorrência livre na oferta e na procura. O industrial
requisita máquinas. Todavia, se os homens usam diariamente o cérebro e o
coração, as mãos e os pés, no campo da atividade prática, a morte, igualmente,
arrebata-os, todos os dias. No quadro das convenções respeitáveis, porém, não
há notícia dos que se consagram aos interesses da criatura, nesse particular.
Os especialistas
em assuntos da espiritualidade, a rigor, seriam os sacerdotes, mas esses,
incorporados às grandes plataformas ritualísticas e econômicas, enviam alguns
amigos para o céu da ociosidade e mandam noventa e nove por cento dos defuntos
para o inferno dos padecimentos sem-fim. Semelhante disparate, contudo, não
resolve o problema da dor. Os hospitais continuam cheios de “enfermos de
diagnóstico difícil”, portadores de nervos relaxados pelo sofrimento; os
templos proseguem repletos de olhares ansiosos que interrogam com desespero, e
ultrapassa a lotação dos manicômios, em vista do acréscimo de doentes mentais
que perderam o último raio de esperança.
Todos os dias,
mães aflitas e noivas angustiadas procuram os cientistas, indagando sobre os
que partiram, a caminho do Mistério; contudo, respondem invariavelmente com o
clássico “nada além”. Consultados, em referência ao assunto, os filósofos dizem
“quem sabe?”. E os sacerdotes, chamados a contas, informam que “ninguém voltou”.
É natural que o
desalento asfixie as almas. Os expositores da Ciência não se recordam da lei de
renovação incessante e não atentam sequer para a humilde lagarta, que se
converte em borboleta. Os estudiosos da Filosofia estimam a dança macabra das
hipóteses, acima do passo firme no conhecimento positivo, alimentando velhas
tricas, desde os antecessores de Sócrates, e, muitas vezes, após devorarem
todos os livros e terminarem todas as observações possíveis, acabam duvidando
se eles próprios existem. Os padres mecanizam as obrigações do culto externo e
são estranhos a qualquer investigação transcendente, olvidando que Jesus
regressou do túmulo para esclarecer os discípulos e confortá-los. E se
eles, que são os técnicos do serviço
religioso, esquecem a ressurreição do Mestre, que apreço poderiam dar à volta
de pobres diabos, como nós outros, que tornamos da noite da morte, tentando
acordar os amigos que não se acautelam ante a grande viagem do Além?
A indiferença,
no entanto, jamais solucionou problemas do destino e do ser. E a incompreensão
do transe final continua torturando corações sensíveis.
Dizia Conan
Doyle, depois de trinta anos, reconhecer que o assunto com que tanto brincara
não se resumia apenas ao estudo de uma força misteriosa, mas que envolvia o desabar
de muralhas, entre dois mundos, construindo a mensagem direta do Além para o
gênero humano, na época de sua mais viva aflição.
Entretanto, os
homens de coragem moral idêntica à do grande escritor inglês são ainda raros.
Muito difícil não encontrar alguém que não possua experiência individual na
esfera da imortalidade da alma. Todavia, quase todos os chamados a testemunho
cedem ao demônio do medo. Não querem perder os louros e considerações do dia
que passa.
É por isso que o
esforço dos espiritistas sinceros é profundamente respeitável e sagrado.
Felizmente para eles, não possuem altares exteriores, nem garantias materiais.
Vencendo dificuldades e tropeços, sobranceiros à ironia do materialismo cômodo
de nossa época, seguem, desassombrados, como servidores esparsos de uma
vanguarda heróica, que a vulgaridade não vê e nem compreende. Chegam de todas
as regiões, surgem de todos os campos sociais, atuam nas línguas mais diversas
e levantam, devagarinho, o monumento da vida eterna, vencendo o derradeiro
inimigo da Humanidade.
Sacerdotes da
realização positiva, adoradores ativos do Mestre Presente, o futuro dirá de
vosso serviço generoso, que hoje se desenvolve na obscuridade e no silêncio! Há
um Comandante Invisível que vos orienta na longa estrada a percorrer... É
aquele que voltou triunfante da morte, há quase dois mil anos, diante do mundo
assombrado em Jerusalém.
Afirma um
provérbio turco que existem três coisas de que os homens não conseguem escapar –
o olhar de Deus, o grito da consciência e o golpe da morte. Se os vossos
sacrifícios não bastarem, se a tempestade das paixões sufocar temporariamente a
semeadura sublime de vosso esforço, conservai o otimismo e a esperança, porque
esses três poderes ocultos falarão por vós, onde passardes!
(Livro: Lázaro Redivivo, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, editora FEB)
Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo
Leia também: http://refletindooespiritismo.blogspot.com/2013/04/a-urgencia-de-humildade-no-movimento.html
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