Um jovem de
cerca de 20 anos vagava pelo Museu Hofburg, em Viena, como de costume. estava
deprimido como nunca. O dia fora muito frio, pois o vento trouxera o primeiro
anúncio do outono que se aproximava. Ele temia novo ataque de bronquite que se
aproximava. Ele temia novo ataque no seu miserável quartinho numa pensão
barata. Estava pálido, magro e de aparência doentia. Sem dúvida alguma, era um
fracasso. Fora recusado pela Escola de Belas – Artes e pela Arquitetura. As
perspectivas eram as piores possíveis.
Caminhando
pelo museu, entrou na sala que guardava as jóias da coroa dos Hapsburg, gente
de uma raça que não considerava de boa linhagem germânica.
Mergulhado
em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que um grupo de turistas,
orientado por um guia, passou por ele e parou diante de um pequeno objeto ali
em exibição.
-"Aqueles
estrangeiros – escreveria o jovem mais tarde – pararam quase em frente ao lugar
onde eu me encontrava, enquanto seu guia apontava para uma antiga ponta de
lança. A princípio, nem me dei ao trabalho de ouvir o que dizia o perito;
limitava-se a encarar a presença daquela gente como intromissão na intimidade
de meus desesperados pensamentos. E, então, ouvi as palavras que mudariam o
rumo da minha vida: "Há uma lenda ligada a esta lança que diz que quem a
possuir e decifrar os seus segredos terá o destino do mundo em suas mãos, para
o bem ou para o mal."
Como se
tivesse recebido um choque de alertamento, ele agora bebia as palavras do
erudito guia do museu, que prosseguia explicando que aquela fora a lança que o
centurião romano introduzira ao lado do tórax de Jesus (João 19:34) para ver se
o crucificado já estava "morto".
Tinha uma
longa e fascinante história aquele rústico pedaço de ferro. O jovem mergulharia
nela a fundo nos próximos anos. Chamava-se ele Adolf Hitler.
Voltou
muitas vezes mais ao Museu Hofburg e pesquisou todos os livros e documentos que
conseguiu encontrar sobre o assunto. Envolveu-se em mistérios profundos e
aterradores, teve revelações que o atordoaram, incendiaram sua imaginação e
desataram seus sonhos mais fantásticos.
Para saber mais (1)
Sabemos
hoje, em face da prática e da literatura espírita, que os Espíritos, encarnados
e desencarnados, vivem em grupos, dedicados a causas nobres ou sórdidas,
segundo seus interesses pessoais. A inteligência e o conhecimento, como todas
as aptidões humanas, são neutros em si mesmos, ou seja, tanto podem ser
utilizados na prática do bem como na disseminação do mal. Dessa maneira, tanto
os bons espíritos, como aqueles que ainda se demoram pelas trevas, elaboram
objetivos de longo alcance visando aos interesses finais do bem ou do mal. Em
tais condições, encarnados e desencarnados se revezam, neste plano e no outro,
e se apoiam mutuamente, mantendo constantes entendimentos especialmente pela
calada da noite, quando uma parte considerável da humanidade encarnada,
desprendida pelo sono, procura seus companheiros espirituais para debater
planos, traçar estratégias, realizar tarefas, ajustar situações.
Há, pois,
toda uma logística de apoio aos Espíritos que se reencarnam com tarefas
específicas, segundo os planos traçados.
Estudando,
hoje, a história secreta do nazismo, não nos resta dúvida de que Adolf Hitler e
vários dos seus principais companheiros desempenharam importante papel na
estratégia geral de implantação do reino das trevas na Terra, num trabalho
gigantesco que, obviamente, tem a marca inconfundível do Anticristo. Para isso,
eclodem fenômeno mediúnicos, surgem revelações, encontram-se as pessoas que
deveriam encontrar-se, acontecem "acasos" e "coincidências"
estranhas, juntam-se, enfim, todos os ingredientes necessários ao desdobramento
do trabalho.
August
Kubizek descreve uma cena dramática em que Hitler, com apenas 15 anos de idade,
apresenta-se claramente incorporado ou inspirado por alguma entidade
desencarnada. De pé diante de seu jovem amigo, agarrou-lhe as mãos emocionado,
de olhos esbugalhados e fulminantes, enquanto de sua boca fluía
desordenadamente uma enxurrada de palavras excitadas. Kubizek, artudido,
escreve, em seu livro:
- Era como
se outro ser falasse de seu corpo e o comovia tanto quanto a mim. Não era, de
forma alguma, o caso de uma pessoa que fala entusiasmada pelo que diz. Ao
contrário, eu sentia que ele próprio como que ouvia atônito e emocionado o que
jorrava com uma força primitiva... Como enxurrada rompendo diques, suas
palavras irrompiam dele. Ele invocava, em grandiosos e inspirados quadros, o
seu próprio futuro e o de seu povo. Falava sobre um Mandato que, um dia,
receberia do povo para liderá-lo da servidão aos píncaros da liberdade- missão
especial que em futuro seria confiada a ele.
Ao que
parece, foi o primeiro sinal documentado da missão de Hitler e o primeiro
indício veemente de que ele seria o médium de poderosa equipe espiritual
trevosa empenhada em implantar na Terra uma nova ordem. Garantia-se a Hitler o
poder que ambicionava, em troca da fiel utilização da sua instrumentação
mediúnica. O pacto com as trevas fora selado nas trevas. É engano pensar que
essas falanges espirituais ignoravam as leis divinas. Conhecem-nas muito bem e
sabem da responsabilidade que arrostam e, talvez, até por isso mesmo, articulam
seus planos tenebrosos e audaciosos, porque, se ganhassem, teriam a impunidade
com que sonham milenarmente para acobertar crimes espantosos. Eles conhecem,
como poucos, os mecanismos da Lei e sabem manipular com perícia aterradora os
recursos espirituais de que dispõem.
Vejamos
outro exemplo: o relato da segunda visita de Hitler à lança, narrada pelo
próprio.
Novamente a
sensação estranha de perplexidade. Sente ele que algo poderoso emana daquela
peça, mas não consegue identificar o de que se trata. De pé, diante da lança,
ali ficou por longo tempo a contemplá-la:
Estudava
minuciosamente cada pormenor físico da forma, da cor e da substância, tentando,
porém permanecer aberto à sua mensagem. Pouco a pouco me tornei consciente de
uma poderosa presença em torno dela – a mesma presença assombrosa que
experimentara intimamente naquelas raras ocasiões de minha vida em que senti
que um grande destino esperava por mim.
Começava
agora a compreender o significado da lança – escreve Ravenscroft – e a origem
de sua lenda, pois sentia, intuitivamente, que ela era o veículo de uma
revelação - "uma ponte entre o mundo dos sentidos e o mundo do
espírito".
As palavras
entre aspas são dos próprio Hitler, que prossegue:
Uma janela
sobre o futuro abriu-se diante de mim, e através dela vi, num único
"flash", um acontecimento futuro que me permitiu saber, sem sombra de
dúvida, que o sangue que corria em minhas veias seria, um dia, o veículo do
espírito de meu povo.
Ravenscroft
especula sobre a revelação. Teria sido, talvez, a antevisão da cena
espetaculosa do próprio Hitler a falar, anos mais tarde, ali mesmo em frente ao
Hofburg, à massa nazista aglomerada, após a trágica invasão da Áustria, em
1938, quando ele disse em discurso:
A
Providência me incumbiu da missão de reunir os povos germânicos...com a missão
de devolver minha pátria 1 ao Reich alemão. Acreditei nessa missão. Vivi por
ela e creio que cumpri.
Tudo
começara com o impacto da visão da lança no museu. Já naquele mesmo dia, em que
o guia dos turistas chamou sua atenção para a antiquíssima peça, ele experimentou
estranhas sensações diante dela. Que fascínio poderia ter sobre seu Espírito -
espetacular ele próprio – aquele símbolo cristão ? Qual a razão daquele
impacto? Quanto mais a contemplava, mais forte e, ao mesmo tempo, mais fugidia
e fantástica se tornava a sua impressão.
Senti como
se eu próprio a tivesse detido em minhas mãos anteriormente, em algum remoto
século da História – como se eu a tivesse possuído, como meu talismã de poder e
mantido o destino do mundo em minhas mãos. No entanto, como poderia isto ser
possível? Que espécie de loucura era aquele tumulto no meu íntimo?
Qual é,
porém, a história conhecida da lança?
Para saber mais (2)
É o que
tentaremos resumir em seguida.
Hitler
dedicou-se daí em diante ao estudo de tudo quanto pudesse estar relacionado com
o seu fascinante problema. Cedo foi dar em núcleos do saber oculto. Um dos seus
biógrafos, Alan Bullock (Hitler: A Study in Tiranny), sem ter alcançado as
motivações do futuro líder nazista, diz que ele foi um inconseqüente, o que se
poderia provar pelas suas leituras habituais, pois seus assuntos prediletos
eram a história de Roma antiga, as religiões orientais, ioga, ocultismo,
hipnotismo, astrologia... Parece legítimo admitir que tenha lido também obras
de pesquisa espíritas, porque os autores não especializados insistem em grupar
espiritismo, magia, mediunismo e adivinhação, e muito mais sob o rótulo comum
de ocultismo.
Sim, Hitler
estudou tudo isso profundamente e não se limitou à teoria; passou à prática.
Convencido da sua missão transcendental, quis logo informar-se sobre os
instrumentos e recursos que lhe seriam facultados para levá-lo a cabo. O
primeiro impacto da idéia da reencarnação em seu espírito o deixou algo
atônito, como vimos, na sua primeira crise espiritual diante da lança, no museu
de Hofburg; logo, no entanto, se tornou convicto dessa realidade e tratou a
sério de identificar algumas de suas vidas anteriores. Esses estudos levaram-no
ao cuidadoso exame da famosa legenda do Santo Graal, de que Richard Wagner, um
dos seus grandes ídolos, se serviu para o enredo da ópera Parsifal.
Hitler foi
encontrar nos escritos de um poeta do século XIII, por nome Wolfram von
Eschenbach, a fascinante narrativa da lenda, cheia de conotações místicas e
simbolismos curiosos, que captaram a sua imaginação, porque ali a história e a
profecia estavam como que mal disfarçadas atrás do véu diáfano da fantasia.
Mas, Hitler
tinha pressa, e, para chegar logo ao conhecimento dos mistérios que o seduziam,
não hesitou em experimentar com o peiote, substância alucinógena extraída do
cogumelo mexicano, hoje conhecida como mescalina. Sob a direção de um estranho
indivíduo, por nome Ernst Pretzsche, o jovem Adolf mergulhou em visões fantásticas
que, mais tarde, identificaria como sendo cenas de uma existência anterior que
teria vivido como Landulf de Cápua, que serviu de modelo ao Klingsor na ópera
de Wagner.
Esse Landulf
foi um príncipe medieval (século nono) que Revenscroft declara ter sido
"the most evil figure of the century" – a figura mais infame do
século. Sua influência tornou-se considerável na política de sua época e,
segundo Ravenscroft, "ele foi a figura central em todo o mal que se
praticou então".
O Imperador
Luiz II conferiu-lhe posto que o situava como a terceira pessoa no seu reino, e
concedeu-lhe honrarias e poderes de toda a sorte. Landulf teria passado muitos
anos no Egito, onde estudou magia negra e astrologia. Aliou-se secretamente aos
árabes que, apesar de dominarem a Sicília, respeitaram seu castelo, em Carlata
Belota, na Calábria. Nesse local sinistro, onde se situara no passado um templo
dedicado aos mistérios, Landulf exercia livremente suas práticas horríveis e
perversas que, segundo Ravenscroft, deram-lhe a merecida fama de ser o mais
temido feiticeiro do mundo. Finalmente, o homem que o Imperador Luiz II queria
fazer Arcebispo de Cápua, depois de elevá-la à condição de cidade
metropolitana, foi excomungado em 875, quando sua aliança com o Islam foi
descoberta.
Ravenscroft
informa logo a seguir que, a seu ver, ninguém conseguiu exceder Wagner em
inspiração, quando este coloca, na sua ópera, a figura de Klingsor ( ou seja,
Landulf) como um mago a serviço do Anticristo.
Aliás,
muitas são as referências ao Anticristo no livro do autor inglês, em conexão
com a trágica figura de Adolf Hitler. Ainda veremos isto.
Guiado pela
sua intuição, Wagner transpôs para o terreno da arte, na sua genial ópera, o
objetivo de Klingsor e seus adeptos, que era "cegar as almas por meio da
perversão sexual e privá-las da visão espiritual, a fim de que não pudessem ser
guiadas pelas hierarquias celestiais". Essa atividade maligna Landulf
desenvolveu em seu tempo e suas horríveis práticas teriam exercido
"devastadora influência nos líderes seculares da Europa cristã",
conforme Ravenscroft.
Mas Hitler
acreditava-se também uma reencarnação de Tibério, um dos mais sinistros dos
Césares. É fato sabido hoje que ele tentou adquirir ao Dr. Axel Munthe, autor
de O Livro de San Michele, a ilha deste nome, que, em tempos idos fora o último
reduto de Tibério, que lá morreu assassinado. O Dr. Munthe se recusou a vender
a ilha porque ele próprio acreditava ter sido Tibério, o que não parece muito
congruente com a sua personalidade.
Aliás, as
especulações ocultistas (usemos a palavra) dos líderes nazistas estão cheias de
fenômenos psíquicos e de buscas no passado. Goering dizia, com orgulho, que
sempre se encarnou ao lado do Führer. Ao tempo de Landulf, ele teria sido o
Conde Boese, amigo e confidente do príncipe feiticeiro, e no século XIII fora
Conrad de Marburg, amigo íntimo do bispo Klingsor, de Wartburg. Goebbels, o
ministro da Propaganda nazista, acreditava-se Ter sido Eckbert de Meran, bispo
de Bamberg, no século XIII, que teria apresentado Klingsor ao rei André da
Hungria.2
Se essas
encarnações estão certas ou não, não cabe aqui discutir, mas tais especulações
evidenciam o interesse daqueles homens pelos mistérios e segredos das leis
divinas, que precisavam conhecer para melhor desrespeitar e burlar. Por outro
lado, contêm alguma lógica, quando nos lembramos de certos aspectos que a
muitos passam despercebidos. Muitos espíritos reencarnaram-se com o objetivo de
infiltrarem-se nas hostes daqueles que pretendem combater, seja para destruir,
seja para se apossarem da organização, sempre que esta detenha alguma parcela
substancial de poder. Não seria de admirar-se, pois que um grupo de servidores
das trevas, com apoio das trevas, aqui e além, fosse alçado a postos de elevada
influência entre a hierarquia cristã da época, quando a Igreja desfrutava de
incontestável poder. O papado não esteve imune – longe disso - e por várias
vezes caiu em mãos de mal disfarçados emissários de Anticristo.
Lembremos
outro pequeno e quase imperceptível pormenor. Recorda-se o leitor daquela
observação veiculada por um benfeitor espiritual que relatou haver sido
traçada, no mundo das trevas, a estratégia do sexo desvairado, a fim de desviar
os humanos dos caminhos retos da evolução? Sexo transviado e magia negra são
aliados constantes, ingredientes do mesmo caldo escuro, onde se cultivam as
paixões mais torpes. Quantos não se perderam por ai...
1 Hitler era
austríaco. Nasceu em 20 de abril de 1889, na encantadora vila de
Braunau-am-Inn, onde também nasceram os famosos médiuns Willy e Rudi Scheider.
2 Segundo
apurou Ravenscroft, esse Bispo Klingsor seria o Conde de Acerra, também de
Cápua, um tipo sinistro, profundamente envolvido em magia negra e que, como
Landulf, séculos antes, reuniu em torno de si um círculo de adeptos que incluía
eminentes personalidades eclesiásticas da época. Afirma, ainda, o autor que foi
nesse grupo que se concebeu o medonho monstro da Inquisição.
O Médium do Anticristo II
Alfred
Rosemberg, o futuro teórico do nazismo, era então o profeta do Anticristo e se
incumbia de questionar os Espíritos manifestantes. Ravenscroft afirma que teria
sido Rosemberg quem pediu a presença da própria Besta do apocalipse, que na sua
opinião(de Rovenscroft), sem dúvida dominava o corpo e a alma de Adolf Hitler,
através das óbvias faculdades mediúnicas deste.
Essa
manifestação do Anticristo em Hitler foi assegurada por mais de uma pessoa,
além do lúcido e tranqüilo Dr. Walter Johannes Stein. Um desses foi outro
estranho caráter, por nome Houston Stewart Chamberlain, um inglês que se
apaixonou pela Alemanha e pela causa nazista. Ravenscroft classifica-o como
genro de Wagner e profeta do mundo pangermânico. Também escrevia suas teses
anti-racistas em transe, segundo atestou nada menos que o eminente General Von
Moltke, de quem ainda diremos algo importante daqui a pouco Chamberlain era
considerado um digno sucessor do gênio de Friederich Nietzsche e, segundo o
próprio Hitler, em "Mein Kampf", "um dos mais admiráveis
talentos na história do pensamento alemão, uma verdadeira mina de informações e
de idéias". Foi quem expandiu as idéias de Wagner, desvirtuando-as
perigosamente, ao pregar a superioridade da raça ariana. Segundo testemunho de
Von Moltke, Chamberlain evocou inúmeros vultos desencarnados da história
mundial e confabulou com eles. Que era uma inteligência invulgar, não resta
dúvida. Os poderes das trevas escolheram bem seus emissários. Enganam-se,
também, redondamente, aqueles que consideram Hitler um doido inconseqüente que
tentou, na sua loucura, botar fogo no mundo. A julgar por todas essas
revelações que ora nos chegam ao conhecimento, ele sabia muito bem o seu papel
em todo esse drama. Recebeu uma fatia de poder a troco de certa missão muito
específica.
No domínio
do mundo, se o tivesse conseguido, ele continuaria a desfrutar de posição
"invejável", como prêmio a um trabalho "bem feito". Ainda
bem que falhou, pois a amostra foi terrível.
Como se
explicaria, sem esse apoio maciço de espíritos encarnados e desencarnados, que
um jovem pintor sem êxito, pobre, abandonado à sua sorte, rejeitado pela
sociedade, tenha conseguido montar o mais tenebrosos instrumento de opressão
que o mundo já conheceu? Como se explicaria que seu partido tenha emergido de
um pequeno grupo político, falido e obscuro, senão que os Espíritos seus amigos
o indicaram como sendo o primeiro degrau de escada que o levaria ao poder?
Hitler ainda
se aprofundaria muito mais nos mistérios da sua missão tenebrosa. Precisava
receber instruções mais específicas, e , como sabemos, tudo se arranja para que
assim seja. A hora chegaria, no momento exato, com a pessoa já programada para
ajudá-la. Um desses homens chamou-se Dietrich Eckhart.
Sua história
á algo fantástico, mas vale a pena passar ligeiramente sobre ela, a fim de
entendermos seu papel junto a Hitler, que, antes de encontrar-se com Eckhart,
fizera apenas preparativos para o vestibular da magia e do ocultismo.
Dietrich
Eckhart era um oficial do exército, de aparência afável e jovial e, ao mesmo
tempo, no dizer de Ravenscroft, "dedicado satanista, o supremo adepto das
artes e dos rituais da magia negra e a figura central de um poderoso e amplo
círculo de ocultistas – O Grupo Thule".
Foi um dos
sete fundadores do partido nazista, e, ao morrer, intoxicado por gás de
mostarda, em Munich, em dezembro de 1923, disse, exultante:
Sigam
Hitler! Ele dançará, mas a música é minha. Iniciei-o na "Doutrina
Secreta", abri seus centros de visão e dei-lhe os recursos para se
comunicar com os Poderes. Não chorem por mim: terei influenciado a História
mais do que qualquer outro alemão.
Suas
palavras não são mero delírio de paranóico. Há muito, nas suas desvairadas
práticas mediúnicas, havia recebido "uma espécie de anunciação satânica de
que estava destinado a preparar o instrumento do Anticristo, o homem inspirado
por Lúcifer para conquistar o mundo e liderar a raça ariana à glória".
Quando Adolf
Hitler lhe foi apresentado, ele reconheceu imediatamente o seu homem, e disse
para seus perplexos ouvintes:
- Aqui está
aquele de quem eu fui apenas o profeta e o precursor.
Coisas
espantosas se passaram no círculo mais íntimo e secreto do Grupo Thule, numa
série de sessões mediúnicas (Ravenscroft chama-as, indevidamente, de sessões
espíritas...), das quais participavam dois sinistros generais russos e outras
figuras tenebrosas.
A médium,
descoberta por certo Dr. Nemirocitch-Dantchenko, era uma pobre ignorante
camponesa, dotada de variadas faculdades. Expelia pelo órgão genital enormes
quantidades de ectoplasma, do qual se formavam cabeças de entidades materializadas
que, juntamente com outras, incorporadas na médium, transmitiam instruções ao
círculo de "eleitos".
Certa manhã
de setembro de 1912, Walter Stein e seu jovem amigo Adolf Hitler subiram juntos
as escadarias do museu Hofburg. Em poucos minutos encontravam-se diante da
Lança de Longinus, posta, como sempre, no seu estojo de desbotado veludo
vermelho. Estavam ambos profundamente emocionados, por motivos diversos, é
claro, mas, seja como for, o disparador daquelas emoções era a misteriosa lança.
Dentro em pouco, Hitler parecia ter passado a um estado de transe, "um
homem – segundo Ravenscroft – sobre o qual algum espantoso encantamento mágico
havia sido atirado". Tinha as faces vermelhas e seus olhos brilhavam
estranhamente. Seu corpo oscilava, enquanto ele parecia tomado de inexplicável
euforia.
Toda a sua
fisionomia e postura – escreve Rovenscroft, que ouviu a narrativa do próprio
Stein – pareciam transformadas, como se algum poderoso Espírito habitasse agora
a sua alma, criando dentro dele e à sua volta uma espécie de transfiguração
maligna de sua própria natureza e poder.
Walter Stein
pensou com seus botões: Estaria ele presenciando uma incorporação do
Anticristo?
É difícil
responder, mas é certo que terrífica presença espiritual ali estava mais do que
evidente. Inúmeras outras vezes, em todo o decorrer de sua agitada existência,
testemunhas insuspeitas e desprevenidas haveriam de notar fenômenos semelhantes
de incorporação, especialmente quando Hitler pronunciava discursos importantes
ou tomava decisões mais relevantes.
Ao narrar o
fenômeno a Ravenscroft, 35 anos depois, o Dr. Stein diria que:
-...Naquele
instante em que pela primeira vez nos postamos juntos, de pé, ante a Lança de
Longinus, pareceu-me que Hitler estava em transe tão profundo que passava por
uma privação quase completa de seus sentidos e um total eclipse de sua
consciência.
Hitler sabia
muito bem da sua condição de instrumento de poderes invisíveis. Numa entrevista
à imprensa, documentou claramente esse pensamento, ao dizer:
Movimento-me
como um sonâmbulo, tal como me ordena a Providência.
Havia nele
súbitas e tempestuosas mudanças de atitude. De uma placidez fria e meditativa,
explodia, de repente, em cólera, pronunciando, alucinadamente, uma torrente de
palavras, com emoção e impacto, especialmente quando a conversa enveredava
pelos temas políticos e raciais. Stein presenciou cenas assim no velho café em
que costumava encontrar-se com seu amigo, em Viena, ali por volta de 1912/1913.
Passada a explosão, Hitler recolhia-se novamente ao seu canto, como se nada
tivesse ocorrido.
Naqueles
estados de exaltação, transformava-se o seu modo de falar e sua palavra
alcançava as culminâncias da eloqüência e da convicção. Era como se um poder
magnético a elas se acrescentasse, de tal forma que ele facilmente dominava
seus ouvintes. Seus próprios companheiros notariam isso mais tarde, em várias
oportunidades.
Ao se ouvir
Hitler – escreveu Gregor Strasser, um ex-nazista – tem-se a visão de alguém
capaz de liderar a humanidade à glória. Uma luz aparece numa janela escura. Um
homem com um bigode cômico transforma-se em arcanjo. De repente, o arcanjo se
desprende e lá está Hitler sentado, banhado em suor, com os olhos vidrados.
Tudo fora
muito cuidadosamente planejado e executado, inclusive com os sinais
identificadores, para que ninguém tivesse dúvidas. Nas trágicas sessões
mediúnicas do Grupo Thule, fora anunciado que o Anticristo se manifestaria
depois que seu instrumento passasse por uma ligeira crise de cegueira. Isto se
daria ali por volta de 1921, e seu médium teria, então, 33 anos.
Aos 33 anos
de idade, em 1921, depois de recuperado de uma cegueira temporária, Hitler
assumiu a incontestável liderança do Partido Nacional Socialista, que o levaria
ao poder supremo na Alemanha, e, quase, no mundo.
De tanto
investigar os mistérios e segredos da história universal, em conexão com os
poderes invisíveis, Hitler se convenceu de realidades que escapam à maioria dos
seres humanos. A história é realmente o reflexo de uma disputa entre a sombra e
a luz, representadas, respectivamente, pelos Espíritos que desejam o poder a
qualquer preço e por aqueles que querem implantar na Terra o reino de Deus, que
anunciou o Cristo.
Hitler
sabia, por exemplo, que os Espíritos trabalham em grupos, segundo o seus
interesses e por isso se reencarnam também em grupos, enquanto seus
companheiros permanecem no mundo espiritual – na sombra ou na luz, conforme
seus propósitos – apoiando-se mutuamente. Não é à toa que Göering e Goebbels,
como vimos, reconheciam-se como velhos companheiros de Hitler. Este, por sua
vez, estava convencido de que um grupo enorme de Espíritos, que se encarnara no
século IX, voltara a encarnar-se no século XX. O notável episódio ocorrido com
o eminente General Von Moltke parece confirmar essa idéia.
Vamos
recordá-lo, segundo o relato de Ravenscroft.
Foi ainda na
Primeira Guerra Mundial. No imenso e trágico tabuleiro de xadrez em que se
transformara a Europa, havia um plano militar secreto, sob o nome de Plano
Schlieffen, que previa a invasão da França através da Bélgica, antes que a
Russia estivesse em condições de entrar em ação.
Helmuth Von
Moltke era Chefe do Estado-Maior do Exército Alemão, sob o Kaiser. Coube-lhe a
responsabilidade de introduzir alguns aperfeiçoamentos no plano e aguardar o
momento de pô-lo em ação, se e quando necessário. O momento chegou em junho de
1914. Jogava-se a sorte da Europa. Von Moltke passou a noite em claro, na sede
do Alto Comando, tomando as providências de última hora para que o plano
entrasse em ação imediatamente. Estudava mapas, expedia ordens, conferenciava
com seus oficiais. O destino de sua pátria estava em suas mãos e ele sabia
disso. No auge da atividade, o eminente General perdeu os sentidos sobre a mesa
de trabalho. Parecia ter tido um enfarte. Chamaram um médico, enquanto seus
camaradas, muito apreensivos depositavam o seu corpo no sofá.
Nenhuma
doença foi diagnosticada. Na verdade, Von Moltke estava em transe. Sua metódica
e brilhante inteligência não previra a interferência da mão do destino, como
diz Ravenscroft. Ou seria a mão de Deus?
Julgou-se, a
princípio, que o poderoso General estivesse morrendo. Mal se percebia sua
respiração e o coração apenas batia o necessário para manter a vida; olhos
abertos vagavam, apagados, de um lado para outro. O eminente General Helmuth
Von Moltke estava experimentando uma crise espontânea de regressão de memória,
durante a qual em vívidas imagens que se desdobravam diante de seus olhos
espirituais, ele se viu como um dos Papas do século IX, Nicolau I, o Grande,
que a Igreja canonizou. Há estranhas "coincidências" aqui. Segundo os
historiadores, Nicolau ascendeu ao trono papal mais por influência do Imperador
Luiz II do que pela vontade do clero. Lembra-se o leitor de que Luiz II foi o
mesmo que protegeu o incrível Landulf, príncipe de Cápua? E que Landuf, um
milênio depois, seria Adolf Hitler?
Nicolau foi
um papa enérgico e brilhante. Governou somente nove anos incompletos, de 858 a
867, mas teve de tomar decisões momentosas e que exerceram profunda influência
na História. Foi no seu tempo que se definiu mais nitidamente a tendência
separatista entre as igrejas do ocidente e a do oriente. Foi ele quem elevou a
novas culminâncias a doutrina da plenitude do poder papal. Segundo seu
pensamento, o imperador era apenas um delegado, incumbido do poder civil.
Enquanto
essas vivências desfilavam diante de seus olhos, Von Moltke, ainda estendido no
sofá, vivia a curiosa experiência de estar situado entre duas vidas; separadas
por mil anos. Em torno dele, entre as ansiosas figuras de seus generais, ele
identificava alguns de seus antigos cardeais e bispos. Uma das personalidades
que ele também identificou naquele desdobramento foi a de seu tio, o ilustre
Marechal-de-Campo, também chamado Helmuth Von Moltke, o maior estrategista de
sua época e que lutou na guerra de 1870. Fora também uma das poderosas figuras
medievais, o Papa Leão IV, o chamado pontífice-soldado, que organizou a defesa
de Roma e comandou seus próprios exércitos.
Outra figura
identificada foi o General Von Schlieffen, autor do famoso plano Schlieffen,
que também experimentara as culminâncias do poder papal, sob o nome de Bento
II.
Ao despertar
de sua singular experiência com o tempo, o General Von Moltke estava abalado
até às raízes de seu ser. Caberia a ele, um ex-Papa, deslanchar todo aquele
plano de destruição e matança? Se não o fizesse, o que aconteceria à sua então
pátria?
Diz Ravenscroft
que, após se reformar, Von Moltke escreveu minucioso relato daquela experiência
notável. Também ele se deixou envolver pelo misterioso fascínio da Lança de
Longinus, que certa vez visitou em companhia de outro General, seu amigo; e,
segundo o escritor inglês, conseguiu apreender o verdadeiro sentido e
importância daquela peça, "como um poderoso símbolo apocalíptico".
Acreditava
ele que se deveram à sua própria atitude negativa, como Nicolau I, em relação
ao intercâmbio com o mundo espiritual, os trágicos desenganos que se sucederam
na História subseqüente, a começar pela separação da cristandade em duas e o
progressivo abandono da realidade espiritual em favor das doutrinas
materialistas, que "virtualmente aprisionaram a criatura no mundo
fenomênico da medida, do número, do peso, tornando a própria existência da alma
humana objeto de dúvida e debate" (Ravenscroft).
Por isso
tudo, ao se erguer do sofá, Von Moltke era outra criatura. Como explicar tudo
aquilo aos seus companheiros? Que decisões tomar agora, na perspectiva do tempo
e dos lamentáveis enganos que havia cometido no passado, em prejuízo do curso
da História? Parece, no entanto, que não dispunha de alternativa. Como
Longinus, tinha de praticar um ato de aparente violência, para contornar uma
crueldade maior. Tudo continuou como fora planejado, mas o Chefe do
Estado-Maior não continuou como fora. Aliás, ao ser elevado àquela posição pela
sua inesgotável e indiscutível capacidade profissional, houve dúvidas, em
virtude do seu temperamento meditativo e tranqüilo. Seria realmente um bom
General no momento de crise que exigisse decisões drásticas? Era o que se perguntavam
seus adversários, mesmo reconhecendo sua enorme autoridade técnica. Ao se
retirar do comando, diz Ravenscroft que ele era um homem arrasado, porque mais
do que nunca estava consciente da tragédia de viver num mundo em que a
violência e a matança pareciam ser os únicos instrumentos capazes de
"despertar a humanidade para as realidades espirituais".
Após a sua
desencarnação, em 1916, com 68 anos de idade, Von Moltke passou a transmitir
uma série de comunicações através da mediunidade de sua esposa Eliza Von
Moltke. Ah! que documento notável deve ser esse! Foi numa dessas mensagens que
o Espírito do antigo Chefe do Estado-Maior informou que o Führer do Terceiro
Reich seria Adolf Hitler, àquela época um obscuro e agitado político,
aparentemente sem futuro. Foi também ele que, em Espírito, confirmou a antiga
encarnação de Hitler como Landulf de Cápua, o terrível mágico medieval que
vinha agora repetir, nos círculos mais fechados do Partido, os rituais de magia
negra, cujo conhecimento trazia nos escaninhos da memória integral.
Faltavam
ainda algumas peças importantes para consolidar as conquistas do jovem Hitler,
mas todas elas apareceriam no seu devido tempo e executariam as tarefas para as
quais haviam sido rigorosamente programadas nos tenebrosos domínios do mundo
espiritual inferior. O General Eric Ludendorff seria uma delas. Von Moltke
identificou-o com outro papa medieval, que governou sob o nome de João VIII,
que Ravenscroft classifica como "o pontífice de mais negra memória que se
conhece em toda a história da Igreja Romana, que, como amigo de Landulf de
Cápua, ajudou-o nas suas conspirações no século IX". Novamente, sob as
vestes de Eric Ludendorff, o antigo Papa daria a mão para alçar Landulf (agora
Adolf) ao poder.
Outro
elemento importante, nessa longa e profunda reiniciação de Hitler, foi Karl
Haushofer, que, no dizer de Ravenscroft, "não apenas sentiu o hálito da
Besta Apocalíptica 3 no controle do ex-cabo demente, mas também buscou,
conscientemente e com maligna intenção, ensinar a Hitler como desatrelar seus
poderes contra a humanidade, na tentativa de conquistar o mundo".
É um tipo
estranho e mefistofélico esse Haushofer, mas, se fôssemos aqui estudar todo o
elenco de extravagantes personalidades que cercaram Hitler, seria preciso escrever
outro livro.
Diz, porém,
Ravenscroft que foi Haushofer quem despertou em Hitler a consciência para o
fato de que operavam nele as motivações da " Principalidade
Luciferina", a fim de que "ele pudesse torna-se veículo consciente da
intenção maligna no século vinte". (destaque do autor)
Vejamos mais um episódio.
Em 1920, era
tão patente, através da Alemanha, essa expectativa messiânica, que foi lançado
na Universidade de Munich um concurso de ensaios sobre o tema seguinte:
"Como deve ser o homem que liderará a Alemanha de volta às culminâncias de
sua glória?" O vultoso prêmio em dinheiro foi oferecido por um milionário
alemão residente no Brasil (não identificado por Ravenscroft) e quem o ganhou
foi um jovem chamado Rudolf Hess que, em tempos futuros, seria o segundo homem
da hierarquia nazista! Sua concepção desse messias político guarda notáveis
similitudes com a figura do Anticristo descrita nos famosos (e falsos)
"Protocolos do Sião", segundo Ravenscroft.
Consta que
Hitler considerava Rudolf Steiner, o místico, vidente e pensador austríaco como
seu arquiinimigo. Segundo informa Ravenscroft, Steiner, em desdobramento
espiritual, penetrava, conscientemente, os mais secretos e desvairados
encontros, onde se praticavam rituais atrozes para conjurar os poderes que
sustentavam a negra falange empenhada no domínio do mundo.
Que andaram
muito perto dessa meta, não resta dúvida. Conheciam muito bem a técnica do
assalto ao poder sobre o homem, através do próprio homem. Hugh Trevor-Roper, no
seu livro "The Last Days of Adolf Hitler", transcreve uma frase do
Führer, que diz o seguinte:
Não vim ao
mundo para tornar melhor o homem, mas para utilizar-me de suas fraquezas.
Estava
determinado a cumprir sua missão a qualquer preço.
- Jamais
capitularemos – disse, certa vez, repetindo o mesmo pensamento de sempre. –
Não. Nunca. Poderemos ser destruídos, mas, se o formos, arrastaremos o mundo
conosco – um mundo em chamas.
Muito bem. É
tempo de concluir. Por exemplo, o que aconteceu com a Lança de Longinus?
Continua no Museu de Hofburg, em Viena, para onde foi reconduzida após novas
aventuras. Primeiro, Hitler tomou posse dela, ao invadir a Austria, em 1938 e
lançou-a para a Alemanha, cercada de tremendas medidas de segurança. Lá ficou
ela em exposição, guardada dia e noite, pelos mais fiéis nazistas. Quando a
situação da guerra começou a degenerar para o lado alemão, construiu-se
secretíssima e inviolável fortaleza subterrânea para guardá-la. Apenas meia
dúzia de elevadas autoridades do governo sabiam do plano. Uma porta falsa de
garagem disfarçava a entrada desse vasto e sofisticado cofre-forte, em
Nüremberg, que o Führer ordenou fosse defendido até à última gota de sangue.
Quando se
tornou evidente que o Terceiro Reich se desmoronava de fato, ante o avanço
implacável das tropas aliadas, Himmler achou que a Lança de Longinus precisava
de um abrigo alternativo. Uma série de providências foi propagada, com uma
remoção fictícia, para um ponto não identificado da Alemanha; e outra,
verdadeira, sob o véu do mais fechado segredo, para um novo esconderijo, onde o
talismã do poder ficaria a salvo dos inimigos do nazismo.
Por uma
dessas misteriosas razões, no entanto, um dos cinco ou seis oficiais nazistas
que sabiam do segredo, ao fazer a lista das peças que deveriam ser removidas,
mencionou a Lança de Mauritius, aliás, o nome oficial da peça. Acontece que,
entre as peças históricas do Reich, havia uma relíquia de nome parecido, ou
seja, "A Espada de Mauritius", e esta foi a peça transportada, e não
a Lança de Longinus. Na Confusão que se seguiu, ninguém mais deu pelo engano, e
o oficial que o cometeu, um certo Willi Liebel, suicidou-se pouco antes do
colapso total do Reich. A essa altura, Nüremberg não era mais que um monte de
ruínas e, por outro estranho jogo de "coincidências", um soldado
americano, perambulando pelas ruínas, descobriu um túnel que ia dar em duas
portas enormes de aço com um mecanismo de segredo tão imponente como o das
casas-fortes dos grandes bancos mundiais. Alguma coisa importante deveria
encontrar-se atrás daquelas portas. E assim, às 14h10m do dia 30 de abril de
1947, a legítima Lança de Longinus passou às mãos do exército americano.
Naquele
mesmo dia, como se em cumprimento de misterioso desígnio, Hitler suicidou-se
nos subterrâneos da Chancelaria, em Berlim.
Como ficou
dito atrás, a Lança de Longinus encontra-se novamente no Museu Hofburg, em
Viena. Estará à espera de alguém que venha novamente disputar a sua posse para
dominar o mundo?
Vejamos,
para encerrar, algumas considerações de ordem doutrinária.
Haverá mesmo
algum poder mágico ligado aos chamados talismãs?
Questionados
por Allan Kardec ( perguntas 551 a 557), os Espíritos trataram sumariamente da
questão, ensinando, porém, que "Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum
sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos,
porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas
materiais".
Continuando,
porém, a linha do seu pensamento, Kardec insistiu, com a pergunta 554,
formulada da seguinte maneira:
Não pode
aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã,
atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que
atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia
a concentração?
É verdade -
respondem os Espíritos – mas da pureza da intenção e da elevação dos
sentimentos depende a natureza do espírito que é atraído.
Os destaques
são meus e a resposta à pergunta 554 prossegue, abordando outros aspectos que
não vêm ao caso tratar aqui. Nota-se, porém, que os espíritos confirmaram que
os chamados talismãs servem de condensadores de energia e vontade, e podem,
portanto, servir de suporte ao pensamento daquele que deseja atrair
companheiros desencarnados para ajudá-lo na realização de seus interesses
pessoais. Disseram mais: que os Espíritos atraídos estarão em sintonia moral
com aqueles que os buscam, ou seja, se as intenções e os sentimentos forem
bons, poderão acudir Espíritos bondosos; se, ao contrário, as intenções forem
malignas, virão os Espíritos inferiores.
Por toda
parte, no livro de Trevor Ravenscroft, há referências repetidas de que duas
ordens de Espíritos estão ligadas à mística da Lança de Longinus: os da luz e
os das trevas, segundo as intenções de quem os evoca.
Além disso,
é preciso lembrar que os objetos materiais guardam, por milênio a fora, certas
propriedades magnéticas, que preservam a sua história. Essas propriedades estão
hoje cientificamente estudadas e classificadas como fenômenos de psicometria,
tão bem observados, entre outros, por Ernesto Bozzano. Médiuns psicômetras, em
contato com objetos, conseguem rever, às vezes com notável nitidez, cenas que
se desenrolaram em torno da peça de ferro deve estar altamente magnetizada
pelos acontecimentos de que foi testemunha, desde que foi forjada alhures nos
tempos bíblicos, passando pelo momento do Calvário, diante do Manso Rabi
agonizante, até que Hitler a perdeu em abril de 1945.
Seja como
for, a peça reúne em torno de si uma longa e trágica história, tão fascinante
que tem incendiado, através dos séculos, a imaginação de muitos homens
poderosos e desatado muitas paixões nefandas. E, como explicaria os Espíritos a
Kardec, não é a Lança por si mesma que move os acontecimentos, é o pensamento
dos homens que se concentram nela e querem a todo preço fazer valer o poder que
se lhe atribui. Nisso, ela é realmente um talismã.
Ainda uma
palavra antes de encerrar.
É certo que
Hitler foi médium dedicado e desassombrado de tremendos poderes das trevas.
Esses irmãos desarvorados, que se demoram, por milênios sem conta, em
caliginosas regiões do mundo espiritual, por certo não desistiram da aspiração
de conquistar o mundo e expulsar a luz para sempre, se possível. Tudo farão
para obter esse galardão com o qual sempre sonharam, muito embora a nós outros
não nos assista o direito de duvidar de que lado ficará a vitória final.
Nesse
ínterim, porém valer-se-ão de todos os meios, de todos os processos, para
alcançarem seus fins.
É claro,
também, que não se empenham apenas no setor político-militar, por exemplo como
Hitler, mas, também procuram conquistar organizações sociais e religiosas que
representem núcleos de poder. É evidente a obra maligna e hábil que se realizou
com a Igreja, infiltrando-a em várias oportunidades e em vários pontos
geográficos, mas sempre nos altos escalões hierárquicos, de onde melhor podem
influenciar os acontecimentos e a própria teologia.
O movimento
espírita precisa estar atento a essas investidas, pois é muito apurada a
técnica da infiltração. O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro;
ele não pode dizer que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem
de aparecer com um sorriso sedutor, de amizade e modéstia, uma atitude de desinteresse
e dedicação, um desejo de servir fraternalmente, sem condições e, inicialmente,
sem disputar posições. Muitas vezes, esses emissários das sombras nem sabem,
conscientemente, que estão servindo de instrumentos aos amigos da retaguarda. A
sugestão pós-hipnótica foi muito bem aplicada por Espíritos altamente treinados
na técnica da manipulação da mente alheia. É a utilização da fraqueza humana de
que falava Hitler.
A estratégia
é brilhantíssima e extremamente sutil, como, por exemplo, a da "atualização"
e da "revisão" das obras básicas da Codificação, a da criação de
movimentos paralelos, o envolvimento de figuras mais destacadas no movimento em
ardilosos processos de aparência inocente ou inócua. Estejamos atentos, porque
os tempos são chegados e virão, fatalmente, vigorosas investidas, antes que
chegue a hora final, numa tentativa última, desesperada, para a qual valerá
tudo. Muita atenção. Quem suspeitaria de Adolf Hitler, quando ele compareceu,
pela primeira vez, a uma reunião de meia dúzia de modestos dirigentes do
Partido dos Trabalhadores?
Para saber mais (1)
Estranha era
a personalidade do futuro chefe nacional do nazismo, e duas pessoas, pelo
menos, o conheceram bem nesses anos de formação e busca.
Um deles
chamou-se August Kubizek e escreveu um livro sob o título O jovem Hitler – A
história de nossa amizade; outro foi Walter Johannes Stein, cientista e doutor
em filosofia, nascido em Viena e que mais tarde emigrou para a Inglaterra, onde
morreu.*
A
personalidade de Hitler parece oferecer inesgotável manancial de sugestões para
os mais variados temas. Poucos livros, no entanto, serão tão fascinantes como
The Spear of Destiny ( A Lança do Destino), do escritor inglês Trevor
Ravenscroft, amigo pessoal do Dr. Stein, jornalista e professor de História em
Londres e Edinburgh. Ravenscroft estudou o assunto Hitler durante 12 anos,
parte dos quais sob a orientação do Dr. Stein. Seu livro é, pois, um
documentário e não uma narrativa romanceada.
Não é fácil
escolher, em obra tão densa e rica, o material a ser comentado num mero artigo
como este. Tentaremos.
* O Dr.
Walter Johannes Stein exerceu, na Inglaterra, o elevado cargo de Assessor
Especial do Primeiro Ministro Winston Churchill para assuntos relacionados com
a personalidade de Hitler. Além de sua vasta cultura, era homem de excelentes
padrões morais.
Para saber mais (2)
Segundo
conta Ravenscroft, a lança teria sido forjada por ordem do antigo profeta
Finéias para simbolizar os poderes mágicos inerentes ao sangue do povo eleito*.
A lança já era, pois, antiga, quando Josué a teria nas mãos, ao ordenar aos
soldados que emitissem aquele som terrível que fez ruir os muros de Jericó.
Diz-se que essa mesma lança o rei Saul atirou sobre o jovem David num impulso
de cólera e ciúme. Herodes, o Grande, também teve em seu poder esse talismã,
quando determinou o massacre das crianças. Foi como mandatário de seu sucessor,
Herodes Antipas, que governou do ano 4 antes do Cristo até 39 da nossa era, que
um oficial empunhou a lança, como símbolo da autoridade, com ordens de quebrar
as pernas de Jesus crucificado.
Ao chegar à
cena o contingente de guardas do templo, os soldados romanos deram às costas,
enojados, enquanto os vassalos do Sumo-Sacerdote quebravam o crânio e as pernas
dos dois ladrões sacrificados lateralmente ao Cristo.
Gaius
Cassius era, ao que apurou Ravenscroft, de origem germânica e foi afastado do
serviço ativo por causa da catarata que atacou seus olhos. Enviado a Jerusalém,
ali ficou como observador dos movimentos políticos e religiosos da Palestina.
Durante dois anos, acompanhou a atividade de Jesus e, depois, seguiu o doloroso
processo da execução do profeta, que diziam ameaçar a autoridade de Roma.
Impressionou-o a coragem e a dignidade com que o jovem pregador suportou o seu
martírio. Por outro lado, entendiam os sacerdotes ser indispensável mutilar seu
corpo, pois era absolutamente essencial desmentir sua condição de Messias, uma
vez que, segundo as escrituras, seus ossos não seriam quebrados (João 19:36).
Gaius Cassius tão impressionado ficou com o tétrico espetáculo, de um lado, e
com a grandeza do Cristo, de outro, que resolveu impedir que Jesus também fosse
mutilado. E, assim, esporeou o cavalo na direção da cruz central e trespassou o
tórax do crucificado, entre a Quarta e a Quinta costela, procedimento
costumeiro dos soldados romanos quando desejavam verificar se o inimigo, ferido
no campo de batalha, estava realmente morto. Não se sabe ao certo se Cassius
tomou a lança da mão do comandante judeu, que a trazia em nome de Herodes, ou
se usou sua própria lança. De qualquer forma, a legenda se criou e se
consolidou. Gaius Cassius se converteu ao cristianismo e passou a chamar-se
Longinus, nome com que continuou sua carreira através dos séculos. E a arma
ficou sendo conhecida coma a lança de Longinus.
Diz-se dela
que representa um talismã de poder tanto para o bem como para o mal, mas, ao
que parece, somente tem sido usada como instrumento de conquista e opressão,
pois pertenceu, depois, a Mauritius, comandante da Legião Tebana, que, com ela
nas mãos, morreu martirizado por ordem de Maximiano, ao se recusar a adorar os
deuses pagãos. Em solidariedade ao chefe, que morreu cristão, seus 6.666
legionários também se recusaram, ajoelharam-se e ofereceram o pescoço à espada.
Maximiano decidiu pelo espantoso massacre, como oferenda aos seus deuses.
Assim, a mais valorosa legião romana daquele tempo foi sacrificada numa chacina
sem precedentes na História antiga.
Seria
impossível retratar toda a história da lança, mas sabe-se que ela esteve em
poder de Constantino, Teodósio, Alarico, Ecius, Justiniano, Carlos Martelo,
Carlos Magno, Frederico Barba-Roxa e Otto, o Grande. Em que outras mãos teria
ela estado e a que propósitos inconfessáveis serviu através do tempo?
É certo, no
entanto, que quem a cobiçava naquela fria tarde de outono, em Viena, era um
jovem que tinha a impressão viva de tê-la já possuído alhures, no tempo e no
espaço. * Não sei se é esse o Finéias, filho de Eleazar, mencionado em Números 25:7 e Juízes 20:28 (nota do autor)
Magnífica mensagem. Episódios notáveis. Leitura interessantíssimas. Parabéns e obrigado, Gabriela.
ReplyDeleteAgradecemos muito as suas palavras querido Marcio. Hermínio realmente é notável e, provavelmente, deve estar ainda trabalhando muito pela Doutrina, esteja onde estiver. Que Deus o abençoe!
DeleteEste texto, com apanhados históricos importantíssimos, relacionando-os aos ensinamentos dos Espíritos, é algo fenomenal para nosso conhecimento.
Abraços fraternos!