Wednesday, May 8, 2013

Cristianismo como "religião-fé" ou como "religião-instituição"?

A palavra religião no seu caráter íntimo quer dizer fé, ligação do homem com o divino. O que se distingue, totalmente, da palavra religião de caráter coletivo, institucional.

O Cristianismo praticado como "religião-instituição" é uma convicção coletiva e modificada por diversas vertentes, de acordo com a evolução moral daqueles que a pregam. A religião como instituição sofre modificações humanas em seus dogmas para satisfazer aos interesses político-sociais.
No entanto, ser Cristão em seu caráter "religião-fé" é seguir os ensinamentos de Jesus na sua forma genuína, independente de qualquer instituição, com humildade e sem alterações mundanas.

O Mestre não fundou igrejas, não criou templos e não pediu que nós os fizéssemos em seu nome. Ele ensinava em qualquer lugar, diante de qualquer situação, para qualquer pessoa. Ele não estruturou uma religião com metodologia, cultos aos santos, regras, pagamentos, altares, indumentárias, ênfase das riquezas, glorificação de um líder terreno como intermediário de Deus, entre outras determinações puramente dos homens.

Assim como o Nazareno, os primeiros Cristãos também não formaram uma "religião-instituição". Acostumados a se reunirem de forma simples e fraterna, eles estudavam os ensinamentos que o Cristo nos deixou, trocavam idéias, além de trocar energias edificantes através da imposição das mãos e o contato com os Espíritos. E apesar de serem vistos, na época, como praticantes de uma seita revoltosa e perigosa, sendo perseguidos com muita crueldade, eles se mantinham na fé inabalável no Evangelho, movidos pelo amor puro e verdadeiro que o Mestre ensinou.

Então Constantino traz ao mundo a religião-instituição...

Trezentos anos após a volta do Mestre à Pátria Espiritual e muita perseguição aos seus seguidores, o Imperador Constantino, animado, tão somente, por sua sede de poder, avistou naqueles que continuavam a divulgar os ensinamentos de Jesus, uma grande oportunidade em aumentar o número de apoiadores para sua escalada ao comando.
E o imperador, que além de sua triste tendência moral, ainda contava com o incentivo de seus obsessores espirituais que, por sua vez, trabalhavam nas trevas para a obstrução da propagação do Evangelho puro, deu início a transformação religiosa de Roma, legitimando o Cristianismo.

Mas legitimar o Cristianismo não deveria ser muito providencial? Sim, se a grande questão não fosse a de que Constantino e seus companheiros espirituais não estavam agindo, somente, pelo amor, mas, sim, por interesses menos nobres, dando poderes e credibilidade àqueles que promoviam o Cristianismo como "religião-instituição", usando o Evangelho como moeda de troca e interesses políticos.

Foi então, que, com tudo muito bem estruturado e meticulosamente pensado, entre encarnado e desencarnados, após o primeiro concílio de Nicéia, começou a trágica transformação da beleza simples do Evangelho. Deixava o Cristianismo, aos olhos dos homens, de ser uma filosofia, uma fé, uma ligação com Deus e nascia, ali, o implacável império católico.

E o movimento de poder e domínio entre os homens, em nome de Deus, cresceu tão rapidamente, durante nossas vindas ao Planeta que criou-se no mundo milhares de "religiões-instituições" denominadas Cristãs; cada qual lutando obstinadamente na tentativa de deter e controlar a verdade divina em interesse próprio, separando os homens, instigando o ódio, ao invés de uní-los no amor como ensina o Evangelho.

Atualmente, muitos de nós, um pouco mais conscientes da situação que geramos no passado, onde colocamos a candeia debaixo do alqueire e abrimos a porta aos irmãos das trevas que querem combater o Evangelho, estamos tentando trazer à luz a Boa Nova em sua integridade, genuinidade e clareza dos tempos antigos! Há muito trabalho para se fazer e esta dívida é minha, é sua, é nossa! Façamos o nosso melhor para um dia sermos um Cristão na sua totalidade, no sentindo "religião-fé"!


Emmanuel nos ensina:
“O que se faz preciso, em vossa época, é estabelecer a diferença entre religião e religiões. A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo o acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir, são como gotas de orvalho celeste, misturadas com os elementos da terra em que caíram. Muitas delas, porém, estão desviadas do bom caminho pelo interesse criminoso e pela ambição lamentável dos seus expositores; mas, a verdade um dia brilhará para todos, sem necessitar da cooperação de nehum homem.”
(trecho do livro “Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, editado pela FEB).




Fraternalmente,

Refletindo o Espiritismo
 

No comments:

Post a Comment