Fenômeno de reflexão pura e simples, não ocorre tão-somente dos chamados
mortos para os chamados vivos, porque, na essência, muita vez aparece entre os
próprios Espíritos encarnados a se subjugarem reciprocamente pelos fios
invisíveis da sugestão.
A mente que se dirige a outra cria imagens para fazer-se notada e
compreendida, prescindindo da palavra e da ação para insinuar-se, porquanto,
ambientando a repetição, atinge o objetivo que demanda, projetando-se sobre
aquela que procura influenciar.
E, se a mente visada sintoniza com a onda criadora lançada sobre ela,
inicia-se vivo circuito de força, dentro do qual a palavra e a ação se incumbem
de consolidar a correspondência, formando o círculo de encantamento em que o
obsessor e o obsidiado passam a viver, agindo e reagindo um sobre o outro.
Não há, por isto, obsessão unilateral. Toda ocorrência desta espécie se
nutre à base de intercâmbio mais ou menos completo.
Quanto mais sustentadas as imagens inferiores de um Espírito para outro,
em regime de permuta constante, mais profundo o poder da obsessão, de vez que
se afastam da justa realidade para o circuito de sombra em que entregam a mútuo
fascínio.
É o mesmo que se verifica com a pedra quando em serviço de gravação.
Quanto mais repetida a passagem do buril, mais entranhado o sulco destinado a
perpetuar a minudência da imagem.
Lembremo-nos, ainda, do disco comum, em cujas reentrâncias sutis
permanecem os sons fixados para repetição à nossa vontade. Muita vez a mente
obsidiada se assemelha à chapa de ebonite, arquivando ordens e avisos do
obsessor (notadamente durante o sono habitual, quando liberamos os próprios
reflexos, sem o controle da nossa consciência de limiar), ordens e avisos que a
pessoa obsessa atende, de modo quase automático, qual o instrumento passivo da
experiência magnética, no cumprimento de sugestões pós-hipnóticas.
Quanto mais nos rendamos a essa ou àquela idéia, no imo de nós mesmos,
com maior força nos convertemos nela, a expressar-lhe os desígnios.
É assim que se formam estranhos desequilíbrios que, em muitas circunstâncias,
concretizam moléstia e desalento, aflição e loucura, quando não plasmam a
crueldade e a morte.
Toda obsessão começa pelo debuxo vago do pensamento alheio que nos
visita, oculto. Hoje é um pingo de sombra, amanhã linha firme, para, depois, fazer-se
um painel vigoroso, do qual assimilamos apelos infelizes que nos aprisionam em
turbilhões de trevas.
Urge, pois, que saibamos fugir, desassombrados, aos enganos da inércia,
porque o espelho ocioso de nossa vida em sombra pode ser longamente viciado e
detido pelas forças do mal que, em nos vampirizando, estendem sobre os outros as teias infernais da miséria e
do crime.
Dar novo pasto à mente pelo estudo que eleve e consagrar-se em paz ao
serviço incessante é a fórmula ideal para libertar-se de todas as algemas, pois
que, na aquisição de bênçãos para o espírito e no auxílio espontâneo à vida que
nos cerca, refletiremos sempre a Esfera Superior, avançando, por fim, da
cegueira mental para a divina luz da Divina Visão.”
(Livro: Pensamento e Vida, pelo espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, cap. 27, ed. FEB)Fraternalmente,
Refletindo o Espiritismo
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