No transporte
caseiro, aparentemente ancorado na estação do cotidiano (e dizemos
aparentemente, porque a máquina familiar está em movimento e transformação
incessantes), quase todos os acidentes se verificam pela evidência de falhas
diminutas que, em se repetindo indefinidamente, estabelecem, por fim, o
desastre espetacular.
Essas falhas, no
entanto, nascem do comportamento dos mais interessados na sustentação do
veículo ou, mais propriamente, do marido e da mulher, chamados pela ação da
vida a regenerar o passado ou a construir o futuro pelas possibilidades da
reencarnação no presente, faltas essas que se manifestam de pequeno
desequilíbrio a pequeno desequilíbrio, até que se desencadeie o desequilíbrio
maior.
Nesse sentido,
vemos cônjuges que transfiguram conforto em pletora de luxo e dinheiro,
desfazendo o matrimônio em facilidades loucas, como se afoga uma planta por
excesso de adubo, e observamos aqueles outros que o sufocam por abuso de
sovinice; notamos os que arrasam a união conjugal em festas sociais permanentes
e assinalamos os que a destroem por demasia de solidão; encontramos os campeões
da teimosia que acabam com a paz em família, manejando atitudes do contra
sistemático, diante de tudo e de todos, e identificamos os que a exterminam
pelo silêncio culposo à frente do mal; surpreendemos os fanáticos da limpeza,
principalmente muitas de nossas irmãs, as mulheres, quando se fazem mártires de
vassoura e enceradeira, dispostas a arruinar o acordo geral em razão de leve
cisco nos móveis, e somos defrontados pelos que primam no vício de enlamear a
casa, desprezando a higiene.
Equilíbrio e
respeito mútuo são as bases do trabalho de quantos se propõem garantir a
felicidade conjugal, de vez que, repitamos, o lar é semelhante ao comboio em
que filhos, parentes, tutores e afeiçoados são passageiros.
Alguém
perguntará como situaremos o divórcio nestas comparações. Divorciar, a nosso
ver, é deixar a locomotiva e seus anexos. Quem responde pela iniciativa da
separação decerto que larga todo esse instrumental de serviço à própria sorte e
cada consciência é responsável por si. Não ignoramos que o trem caseiro corre
nos trilhos da existência terrestre, com autorização e administração das leis
orgânicas da Providência Divina e, sendo assim, o divórcio, expressando
desistência ou abandono de compromisso, é decisão lastimável, conquanto às
vezes necessária, com raízes na responsabilidade do esposo ou da esposa que, a
rigor, no caso, exercem as funções de chefe e maquinista.
Emmanuel
Leia também: Compaixão em Família
(Livro: “Luz no Lar”, por Espíritos diversos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, editora FEB)
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